Brasília - Diante de um cenário dividido no Conselho de Ética, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, garantiu nessa terça-feira (10) um voto favorável no colegiado. Um aliado, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), assumiu a vaga do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que renunciou por motivos de saúde. Por outro lado, a bancada do PSDB decidiu romper com o peemedebista. De acordo com tucanos, a decisão será lida no plenário da Câmara hoje. O relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) sobre a admissibilidade do processo no conselho será votado no dia 24, mas já no dia 19 ele deve apresentar um parecer prévio.
Já Paulinho disse confiar no peemedebista e nos argumentos apresentados. Em almoço com líderes nessa terça-feira, Cunha mostrou dois passaportes com 37 carimbos de entradas e saídas no Zaire e no Congo, na África, para fazer negócios. “Ele começou hoje a apresentar provas consistentes como esta dos passaportes e acreditamos desde o início que aqui tem uma briga. Ou tira o Eduardo ou tira a Dilma. Preferimos tirar a Dilma”, afirmou Palinho. De acordo com outro líder presente no encontro, as viagens aconteceram nas décadas de 1980 e 1990. Acusado de mentir na CPI da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior, Cunha apresentará uma devesa prévia na segunda-feira. Ele voltou a dizer que está “completamente confiante”.
De acordo com o peemedebista, a documentação será apresentada formalmente por seu advogado e a intenção foi combater a “especulação” em torno da versão apresentada na semana passada, sobre as atividades econômicas no continente africano, incluindo a venda de carne enlatada. “Foi apenas para mostrar a eles que não existe história, que não existe farsa”, disse.
DINIZ O economista Felipe Diniz, filho do falecido deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), negou ter indicado o número da conta de Eduardo Cunha para receber US$ 1,5 milhão na Suíça. O lobista João Augusto Henriques, suspeito de intermediar propinas na compra de um poço de petróleo da Petrobras, separou esse montante em 2011, converteu em 1,3 milhão de francos suíços e remeteu-os à conta Orion, cujo beneficiário é o presidente da Casa, alvo de dois inquéritos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento de Diniz ocorreu em 20 de outubro, na PGR, em Brasília. O advogado dele, Cléber Lopes, disse que o filho do deputado nunca indicou qualquer conta para que Henriques depositasse algum valor. O lobista era amigo do pai dele, deputado do PMDB mineiro apontado como padrinho do ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada.
Cunha disse que não sabia do depósito em sua conta e afirmou acreditar que, possivelmente, se tratasse do pagamento de uma dívida de pouco mais de US$ 1 milhão de dólares que Fernando Diniz tinha com ele. Não há documentos que formalizam esse suposto empréstimo contraído com o presidente da Câmara. Lopes disse que Diniz não nega a existência desse empréstimo, mas simplesmente ignora se isso aconteceu. A suspeita da PGR é que os 1,3 milhão de francos sejam parte de propina distribuída por Henriques a “amigos” que, segundo o lobista, lhe deram “dicas” e “ajuda” para intermediar a compra de um poço de petróleo em Benin, na costa oeste da África. Cunha se recusou a comentar a versão de Diniz.