Enquanto permanecia calado sobre a manutenção de contas na Suíça, a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já era ruim, mas, depois das entrevistas que o peemedebista deu na sexta-feira passada alegando ser apenas “usufrutuário” delas, o clima parece ter piorado de vez para ele. Em apenas dois dias, Cunha conseguiu perder o apoio do PSDB na Câmara, ser derrotado na votação do projeto de repatriação de recursos e ser denunciado na Organização dos Estados Americanos (OEA). Em meio a tudo isso, foram divulgados documentos mostrando que, ao contrário do que o peemedebista disse, ele movimentou dinheiro no país europeu.
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Parecer de representação contra Cunha está 'bem adiantado', diz relatorPSDB tomou a decisão mais adequada ao pedir afastamento de Cunha, diz AécioCunha diz que PSDB é 'ingrato' e que oposição perdeu oportunidade do impeachmentEduardo Cunha usou nome da mãe como senha em banco suíçoAbandonado pelo PSDB, Cunha ganha apoio de partidos da base governistaManifestantes protestam contra Cunha no Centro de BH Partidos que apoiam presidente da Câmara dão 140 votos à emenda 'anti-Cunha'A conta havia sido abastecida em junho de 2011 pelo lobista João Augusto Henriques, com 1,3 milhão de francos suíços. O depósito, que corresponde a R$ 4,8 milhões, ocorreu depois da venda de um campo de petróleo na África para a Petrobras. Também veio à tona nessa quinta-feira (12) que Cunha deu o nome da mãe como senha para consultas ao banco suíço Julius Baer, na conta Triumph-SP. Os investigadores entendem que essa é mais uma evidência de que era o peemedebista que controlava o dinheiro no exterior.
TRAIÇÃO Na noite de quarta-feira, com ajuda da oposição, a base governista conseguiu aprovar o projeto da repatriação de recursos, que faz parte do ajuste fiscal do governo federal. No texto, foi fixado que os detentores de cargos públicos e seus familiares não entram na anistia concedida pelo programa de repatriação de recursos de fora do país, o que impacta diretamente na situação de Cunha. O sinal da traição havia sido dado mais cedo, quando o PSDB anunciou que abandonou o barco do peemedebista, fechando questão de que o partido votará contra ele no processo de cassação do mandato no Conselho de Ética e no plenário. A decisão da bancada havia sido tomada na terça-feira.
Somado a tudo isso, o movimento Fora, Cunha, conduzido em sua maioria por mulheres nas ruas do país, cresceu e elas foram à OEA denunciá-lo pelo projeto que dificulta o aborto legal no Brasil. De autoria do peemedebista, o texto passa a exigir boletim de ocorrência e exame de corpo de delito para que elas possam interromper a gravidez fruto de violência sexual. Cunha e os outros 11 deputados que assinaram o projeto são acusados pela ONG Artemis de “grave violação aos direitos humanos das mulheres”. A entidade alega que eles estariam tentando retirar direitos fundamentais das mulheres..