Brasília – A divulgação de trechos do depoimento de Luís Cláudio da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à Polícia Federal, no qual ele se complica ao não esclarecer detalhes de contratos milionários sob investigação da Operação Zelotes, irritou o Ministério da Justiça. O teor do depoimento foi publicado na edição desse sábado da revista Época, que destacou ainda o reconhecimento do lobista Mauro Marcondes Machado à PF de que as cifras pagas ao filho de Lula eram “absurdas”. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal apure o suposto vazamento relacionado a Luís Cláudio.
O filho caçula do ex-presidente não soube explicar em depoimento à Polícia Federal, em 4 deste mês, quanto cobrou por suas horas de trabalho para fechar negócio de R$ 2,5 milhões com o escritório Marcondes & Mautoni. A Operação Zelotes suspeita que o dinheiro tenha relação com a “compra” de medidas provisórias a fim de beneficiar montadoras com isenção de impostos. Luís Cláudio Lula da Silva declarou à PF que fez “relatórios” de “projetos” na área de esporte que só ficaram no papel. Segundo a revista, o filho do ex-presidente disse que usava o valor das horas de trabalho para calcular o preço do serviço, cujos pagamentos foram feitos em 2014 e este ano. “Que não sabe mensurar, neste momento, o valor cobrado pela sua hora de trabalhar”, disse ele, de acordo com a revista.
Luís Cláudio afirmou nunca ter atuado naquela área específica antes. “Que nunca tinha realizado estudo ou projeto contendo o mesmo objeto deste contrato”, afirmou ele, de acordo com reprodução do depoimento.
A polícia não encontrou os relatórios e os contratos dos trabalhos quando cumpriu mandados de busca e apreensão nas três empresas ligadas ao filho do ex-presidente, como a LFT Marketing Esportivo, em 26 de outubro, na quarta fase da Zelotes. Luís Cláudio disse que levou os papéis para seus advogados após 10 de outubro. Os documentos foram entregues à PF em 4 de novembro.
PATROCÍNIO
Após seu depoimento, a defesa de Luís Cláudio informou que ele manteve contato com o escritório de Marcondes após perder o patrocínio da Hyndai para o campeonato de futebol americano que organiza, o Touchdown. “Disse ter chegado a essa empresa quando procurava patrocínio no setor da indústria automobilística”, segundo nota de 4 de novembro. Detalhes de como se deu esse encontro não foram esclarecidos pela defesa, para quem o cliente “já prestou os esclarecimentos e afastou qualquer ligação com ilícitos”.
A pedido da defesa de Luís Cláudio, o Ministério da Justiça ordenou que a Polícia Federal apure suposto vazamento do depoimento. No entanto, a 10ª Vara Federal determinou que o inquérito é público. Em 6 de novembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordenou o sigilo apenas de documentos apreendidos pela PF.