Brasília - Dividido sobre o melhor momento de se apresentar como alternativa de poder ao governo Dilma Rousseff, o PMDB fará um congresso nessa terça-feira, 17, sem consenso nem mesmo sobre o seu novo programa econômico, intitulado "Uma Ponte para o Futuro". O encontro foi idealizado com o objetivo de fustigar Dilma e acenar para o PSDB e o mercado, mas perdeu força depois que o PMDB aumentou o seu tamanho no Ministério e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), passou a enfrentar processo de cassação no Conselho de Ética.
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Levy se alia a PMDB e PSDB e ajuste avançaPMDB quer 20% mais prefeituras em São Paulo em 2016Lobista diz que operador do PMDB fez 'repasses' a RenanTemer abre congresso do PMDB pregando 'reunificação' políticaDireção do PMDB precisa de habilidade para aferir vontade da maioria, diz PadilhaCom a ameaça de impeachment refluindo e Cunha na berlinda, acusado de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, o PMDB foi obrigado a recolher as armas na política e a se concentrar nas críticas ao modelo econômico petista. Diante do novo cenário, o vice-presidente Michel Temer - que em agosto afirmou ser preciso encontrar "alguém capaz de reunificar a todos" - adotou posição mais cautelosa, para se preservar, e submergiu.
Afastado da articulação política do Palácio do Planalto e distante de Dilma, Temer tem dito que o objetivo imediato do PMDB é preparar uma agenda consistente para o País. "Se o governo incorporar essas teses, isso será um trabalho do PMDB", avaliou o vice, que também comanda o partido. "Se não, vamos trabalhar como um programa para 2018."
As correntes do PMDB, no entanto, não chegaram a um acordo sobre o documento "Uma Ponte para o Futuro" e querem desidratar as questões mais polêmicas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, detestou o trecho sobre as relações trabalhistas.
O programa propõe que as convenções coletivas prevaleçam sobre as normas legais.
Teses
"O PMDB é uma federação de partidos e cada um tem uma posição, mas tudo será discutido", disse Renan. "Estou cuidando da Agenda Brasil, que tramita no Legislativo. Creio que com ela será possível criar mais rapidamente as condições para a retomada dos investimentos".
Escrito pelo ex-ministro da Fazenda Delfim Netto em parceria com o ex-secretário de Política Econômica Marcos Lisboa e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco, o documento do PMDB abriga teses opostas às defendidas pelo PT.
Entre elas estão o fim do porcentual previsto na Constituição para despesas com saúde e educação e o término das indexações de benefícios sociais ao salário mínimo. Além disso, o texto atribui a crise atual aos gastos excessivos do governo nos últimos anos.
"Qual é o problema de criticar o governo?", questionou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). "O PT faz isso todo dia. Além disso, nós não somos governo. Apoiar é uma coisa e ser governo é outra." Com a reforma ministerial de outubro, o PMDB ampliou o espaço na equipe e passou a controlar sete ministérios, entre eles o da Saúde, dono do maior orçamento da Esplanada.
Sob o argumento de que não adianta procurar culpado pela crise nessa altura do campeonato, Moreira Franco amenizou as divergências em relação ao programa do PMDB e admitiu mudanças.
'Reflexão'
Informados de que o congresso corre risco de ser esvaziado, dirigentes do PMDB adotaram o discurso de que o encontro foi convocado pela Fundação Ulysses Guimarães para uma "reflexão" do momento. O PMDB, agora, aposta suas fichas na convenção nacional de março de 2016, quando será escolhida sua nova direção.
Até lá, a estratégia do partido consiste em ganhar tempo para se descolar da crise, dando visibilidade às propostas da legenda para a área econômica. .