Em meio a protestos contra a presidente Dilma Rousseff e pedidos de impeachment, o vice-presidente da República, Michel Temer, fez nesta terça-feira, 17, um discurso, na convenção do PMDB, em que reforçou a necessidade de reunificar o País. Ele reconheceu a grave crise que o governo atravessa e ressaltou que o partido terá candidato em 2018. "Não é de hoje que tenho falado em reunificar o pensamento nacional e pacificar a nação. Não é da índole do brasileiro a disseminação do ódio", afirmou Temer, que também é presidente nacional do PMDB.
Interrompido por manifestantes, com bonecos da presidente Dilma, e pedindo que Temer assumisse a Presidência, o vice-presidente, após segundos de silêncio, respondeu "por enquanto não, obrigado", e se esquivou afirmando que está no fim de sua carreira política. "Vamos esperar 2018. Vamos montar um candidato, um grande nome do PMDB. Estou encerrando minha vida pública", disse.
Em seu discurso, Temer afirmou que o PMDB está unido para ajudar o país a retomar o crescimento e que as ideias e o documento propostos no congresso de hoje têm como objetivo evitar o retrocesso. "Esse programa pode ser uma colaboração para o governo a que eu pertenço, que poderá utilizá-lo se assim o quiser", afirmou, destacando que "não se trata de projeto definitivo e acabado".
Segundo Temer, o objetivo do congresso é ouvir membros do PMDB sobre como ajudar o Brasil a sair da situação em que se encontra. "A grave crise ameaça o povo com velhos fantasmas, como a inflação e a inviabilização do governo em oferecer programas promotores de justiça social", disse.
Ao destacar a evolução do país desde os tempos do Plano Real, Temer lembrou a inclusão de 40 milhões de brasileiros na classe média e afirmou que essas "conquistas estão sendo ameaçadas". "São elas que desejamos salvar", afirmou, ressaltando que o documento do PMDB contém uma proposta do partido para o País retomar o crescimento.
Logo no início de seu discurso, Temer fez uma homenagem às vítimas do acidente das barragens em Mariana (MG) e dos atentados de Paris e pediu aos peemedebistas um minuto de silêncio.
Lei da partilha
Temer usou o seu discurso em congresso de fundação do PMDB para fazer um mea-culpa pelo fato de o partido ter apoiado a atual lei da partilha dos recursos do pré-sal. "Devemos enfrentar os entraves ao desenvolvimento. O PMDB colaborou com a atual lei da partilha de recursos do pré-sal e tenho que admitir que se equivocou", disse.
Segundo Temer, a atual lei afasta os investidores e impede que o setor gere riquezas para o Brasil. "A obrigação da Petrobras de participar de todos os campos de exploração não faz sentido", afirmou, ressaltando que a opção de investimento cabe à estatal, apenas se ela tiver condições de aportar recursos. A atual lei prevê que a Petrobras deve ser operadora das reservas do pré-sal e responder por, pelo menos, 30% dos investimentos.
O vice-presidente afirmou ainda que o Brasil precisa abrir a sua economia. "Os momentos de crise econômica é que nos permitem e até exigem propostas inovadoras e ousadas", afirmou.
Padilha
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, afirmou no mesmo evento que o programa partidário do PMDB é o "primeiro passo" rumo às candidaturas peemedebistas em 2016 e 2018. Para ele, ao lançar o documento, a legenda adota atitude independente, "própria de partido político".
"O PMDB hoje adota atitude própria de partido político independentemente da situação em que esteja. O PMDB é muito maior que qualquer aliança que tenha sido feita", destacou. Na avaliação dele, o programa demonstra que a sigla foi corajosa ao iniciar a discussão de candidaturas futuras, a partir de um conjunto de ideias, num "momento decisivo" para o País.
Padilha destacou que as ideias do programa ainda serão aperfeiçoadas durante discussões internas, mas, "por si só", já mostram o "rumo do partido". De acordo com o ministro da Aviação Civil, o partido deverá entregar uma proposta consolidada em março de 2016, quando está previsto o Congresso Nacional do PMDB.
O ministro ressaltou ainda que o PMDB é, historicamente, um partido que prestigia suas bases eleitorais e que, por isso, é um dos partidos com maior número de vereadores, deputados e senadores do País. "E em 2018 teremos o presidente da República", afirmou, reforçando o coro dos peemedebistas que defendem candidatura própria à Presidência nas próximas eleições.