São Paulo, 17 - O publicitário Nizan Guanaes afirmou ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, nesta terça-feira, 17, que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) prestou consultoria econômica às suas empresas. Um dos dono do grupo ABC, holding composta por 14 empresas nas áreas de publicidade, Nizan Guanaes relatou que pagou a Dirceu R$ 20 mil mensais entre o fim de 2008 e 2012.
Nizan foi questionado pelo Ministério Público Federal sobre o tipo de consultoria prestado pela JD Assessoria e Consultoria, de propriedade de Dirceu. "Sobretudo de cenário econômico. Embora, evidentemente, sempre você pergunta sobre aquelas coisas do político que vão refletir em você", disse.
A Lava Jato investiga se contratos de consultoria da JD serviram para "esquentar" dinheiro de propina. José Dirceu está preso desde 3 de agosto quando foi deflagrada a Operação Pixuleco, 17ª fase da Lava Jato. Nizan depôs como testemunha de defesa do ex-ministro.
Durante o depoimento, o publicitário afirmou que os pagamentos a Dirceu foram feitos "absolutamente dentro da lei, declarados". Nizan Guanaes disse que Dirceu não ofereceu vantagens indevidas a ele.
À Justiça, o publicitário contou que conheceu Dirceu em um jantar na casa do ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia (Governo Lula). "Começamos a conversar, tínhamos uma relação bastante distante, porque militamos em partidos diferentes. E foi aí que nós começamos a ter um convívio."
Segundo Nizan Guanaes, as consultorias de José Dirceu foram feitas da mesma maneira com que são realizadas outras assessorias ao grupo. "Como os outros consultores que a gente tem. São eventuais e são apresentações em que a pessoa mostra, faz uma exposição e te dá orientações. A gente perguntava muito sobre mercado interno, sobre a expansão que a gente queria na América Latina, sobre esse nível de questão. Nós temos hoje uma série de consultores, é importante ter, consultor de cultura, consultor na área de gente, também consultor na área de cenário."
O publicitário afirmou também que Dirceu não angariou clientes para suas empresas. "De jeito algum, de jeito algum. Esse não é nosso estilo, nossa cultura e isso é público, sr. juiz. O sr, inclusive, pode questionar isso no mercado. Não está nem na nossa cultura. A vida inteira nós somos eminentemente voltados para o mercado de clientes privados."