Um movimento criado pelo Ministério Público de São Paulo pretende restringir as propagandas de cerveja, aplicando ao produto as mesmas regras que já existem para o cigarro e outras bebidas alcoólicas. Se a iniciativa tiver sucesso, a publicidade só será exibida entre 21h e 6h, não poderá ser associada ao esporte olímpico ou de competição, desempenho saudável de atividades, condução de veículos nem à ideia de maior êxito ou sexualidade das pessoas. Na prática, ficam proibidas as propagandas no rádio e televisão com jogadores de futebol e mulheres bonitas. Para conseguir isso, o MP, que ganhou o apoio de deputados estaduais mineiros ontem, pretende com a campanha “Cerveja também é álcool” coletar 1,5 milhão de assinaturas na tentativa de viabilizar um projeto de lei que modifique a Lei 9294/96.
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Projeto que tramita na Assembleia de Minas cria "cerveja da paz"Deputados querem proibir propaganda de cerveja na TVProcuradoria em Goiás questiona gasto de R$ 25,6 milhões em campanha sobre OlimpíadaDurante audiência pública da Comissão Especial de Combate ao Crack e outras drogas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi apresentado um estudo pelo coordenador do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG, Frederico Garcia, mostrando que 70% dos jovens já fazem uso regular de cerveja antes dos 18 anos. O promotor Jairo Edward de Luca disse que para mudar o quadro é preciso enfrentar o estímulo ao consumo. Ele considera um absurdo a lei estabelecer que cerveja não é bebida alcoólica.
O deputado Léo Portela se comprometeu a colher adesões no segmento evangélico, que representa. Ele reconheceu a dificuldade de viabilizar a mudança e criticou o lobby da indústria de bebidas no Congresso, que, lembrou, financia várias campanhas eleitorais. “Um país que acredita que cerveja não é bebida alcoólica só para vender mais não é sério”, afirmou. Para ele, a cerveja também é droga, pois pode causar dependência, problemas no trânsito e de violência doméstica e em estádios de futebol.
O presidente da comissão, deputado Antônio Jorge (PPS), disse que a atual legislação não atende aos interesses coletivos e prometeu empenho na divulgação da campanha e busca de assinaturas. Entidades religiosas, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Federação Espírita e a Convenção das Assembleias de Deus, além de conselhos de medicina e farmácia, apoiam a ideia..