Brasília - O vice-presidente Michel Temer foi interrompido nesta terça-feira, 17, na abertura do Congresso do PMDB, por manifestantes que pregavam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascensão dele ao poder. Aos gritos de "Brasil/Pra Frente/Temer Presidente", os militantes, que carregavam bonecas de Dilma, vestida com a faixa "mãe do petrolão", pediram mais de uma vez que ele assumisse a Presidência. "Por enquanto, não, obrigado", respondeu o vice. "Vamos esperar 2018."
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Foi nesse ambiente de distanciamento entre Dilma e Temer que ocorreu ontem o congresso do PMDB, o principal partido da coalizão governista, em Brasília. Mesmo escancarando divisões entre as várias alas do partido, e até divergências quanto ao programa "Uma Ponte Para o Futuro", com propostas antagônicas às do PT para a retomada do crescimento - como o fim dos gastos mínimos previstos na Constituição para despesas com educação e saúde -, o encontro foi marcado por críticas ao governo. Tratou-se ali do primeiro passo para o divórcio com o Planalto.
Na prática, o PMDB já havia adiado a decisão sobre o rompimento com Dilma para março de 2018, quando haverá a convenção da legenda, mas manteve o congresso promovido pela Fundação Ulysses Guimarães para dar um sinal de força.
Ao lado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer disse ser preciso "coragem para não fugir da verdadeira luta", mas fez discurso tentando equilibrar sua posição de vice com o desejo de pavimentar o afastamento do PMDB do governo.
"Nós estamos juntos procurando soluções para o País. Não é de hoje que temos falado em reunificar o pensamento nacional e pacificar a Nação. Não é da índole do brasileiro a disseminação do ódio", discursou Temer, que também preside o PMDB. Em agosto, no auge da crise política, ele provocou a fúria de Dilma ao apelar para a necessidade de "alguém capaz de reunificar a todos".
Sob os ecos de "Rompe, PMDB", os manifestantes que pediam o impeachment ergueram cartazes com os dizeres "Temer, vista a faixa já!". O vice falava sobre a necessidade de mudanças profundas na economia, e não apenas "cosméticas", quando foi surpreendido pelo protesto.
Após responder "por enquanto não" aos apelos para assumir o poder, ele prosseguiu com o discurso: "Para não encolhermos diante de demagogias fáceis, não podemos colocar os interesses pessoais na frente dos interesses do País".
Para o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o PMDB precisa sair logo do governo. "O impeachment não depende da gente, mas tem algo que depende. Não é o afastamento de Dilma da Presidência, mas o afastamento do PMDB dela, para que possamos construir um partido com discurso", insistiu Geddel. .