Apesar das vitórias no Congresso após a manutenção dos principais vetos presidenciais, o clima no Palácio do Planalto não é de comemoração. A avaliação é de que ainda é preciso cautela na relação do governo com os parlamentares e que não se pode descuidar da articulação.
A "batalha" dos vetos foi longa e evidenciou a dificuldade da articulação do governo. Nem mesmo a reforma ministerial conseguiu evitar que a sessão do Congresso fosse derrubada duas vezes até os vetos serem finalmente apreciados nesta semana.
A votação do veto ao reajuste dos servidores do Judiciário foi vista pela equipe de articulação do Planalto como um sinal de que o governo não tem uma situação confortável no Congresso. Votaram pela derrubada do veto 251 deputados, apenas seis a menos do que o mínimo necessário, que era de 257. Apenas 132 parlamentares votaram com o governo.
Entre as traições, o Planalto registrou o fato de metade do PMDB ter votado contra o governo. Também chamaram a atenção os votos dos nove deputados do PT que não chancelaram a decisão da presidente Dilma Rousseff.
A votação desta quarta-feira, que manteve o veto ao atrelamento da política do salário mínimo a todos os benefícios pagos pelo INSS, também não foi considerada uma vitória expressiva. A favor do governo, foram 160 votos. Contra, 211.
A preocupação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também continua no radar do governo. O enfraquecimento de Cunha por conta do andamento do processo de cassação contra o peemedebista no Conselho de Ética não fez o governo desligar o sinal de alerta. O Planalto sabe que Cunha tem o "poder da pauta" e que ainda há riscos para a tramitação de matérias de interesse do governo. Além disso, caso o peemedebista realmente venha a ser afastado há o receio de que ele "caia atirando".