O ex-secretário de Saúde do Maranhão Ricardo Murad, alvo da Operação Sermão aos Peixes por suspeita de desvios de cerca de R$ 1,2 bilhão, afirmou que sua gestão na pasta "deu a todos os maranhenses oportunidades de ter uma rede de assistência à saúde de primeiro mundo". Em carta endereçada a "minhas amigas e meus amigos", o cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) rechaçou as suspeitas que pesam contra ele.
"Ao contrário do que se divulga, não houve superfaturamento, nem pagamentos de serviços, obras, medicamentos e materiais médico-hospitalar que tenham sigo pagos sem a devida prestação de serviço ou a correspondente entrega dos produtos e materiais", assegura.
Nesta terça-feira, Murad foi levado coercitivamente para depor na Polícia Federal em São Luís. Ele depôs por mais de 15 horas. A PF fez buscas em sua residência, onde apreendeu 20 quadros e obras de arte. A PF também apreendeu o veículo de luxo dele, uma Toyta SW 4. Nesta quarta, o Ministério Público Federal no Maranhão se manifestou favoravelmente ao pedido de prisão preventiva do ex-secretário sob suspeita de ter incinerado provas no quintal de sua própria casa, antes das buscas realizadas pela PF.
Nesta quinta, o cunhado de Roseana se manifestou publicamente, por sua conta no Facebook.
"Peço um pouco da sua atenção. Me dirijo a vocês neste momento para esclarecer a respeito da operação da Polícia Federal e CGU (Controladoria-Geral da União). Na Secretaria de Saúde não houve desvios bilionários como afirma o superintendente da Polícia Federal, mas sim muito trabalho, dedicação e seriedade com os recursos públicos que destinamos para atender aos maranhenses uma rede de hospitais, UPAs e centros especializados de medicina digna de povos avançados", diz Ricardo Murad.
Ele desabafou: "Um absurdo - completo absurdo, aliás - se imaginar que mais de R$ 1 bilhão tenha sido desviado de serviços médicos hospitalares da rede estadual. Isso levaria, com absoluta certeza, a que mais da metade dos hospitais do Estado não estivessem funcionando nos últimos cinco anos, porque representaria mais de 50% dos recursos aplicados no setor."
"Justamente o contrário do que todos vivenciamos!", enfatizou. "Qualquer um que tenha necessitado dos serviços médicos/hospitalares ou tenha trabalhado da rede estadual na época em que estive como Secretário pode atestar o que digo. Ampliamos e melhoramos muito a oferta de serviços médicos, a quantidade de hospitais, a qualidade do atendimento. Isso é público e notório!"
O cunhado de Roseana diz que "por determinação da Justiça Federal, que prontamente atendeu", prestou depoimento por mais de 15 horas, com trinta páginas de esclarecimentos.
"Respondi a tudo o que me foi perguntado e deixei registrado que no período em que estive à frente como secretário, ao contrário do que se divulga, não houve superfaturamento, nem pagamentos de serviços, obras, medicamento e materiais médico/hospitalar que tenham sido pagos sem a devida prestação de serviço ou a correspondente entrega dos produtos e materiais e muito menos pagamentos de médicos e funcionários fantasmas."
O ex-secretário de Saúde do Maranhão alega, ainda, que sempre se colocou, antes mesmo da Operação Sermão aos Peixes, à disposição da Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. "Continuo no mesmo propósito porque tenho o dever de defender a nossa obra que, pela primeira vez, deu a todos os maranhenses oportunidades de ter uma rede de assistência à saúde de primeiro mundo".