Brasília – O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator da Operação Lava-Jato, que também foi diretor da empresa Sete Brasil, afirmou à CPI dos Fundos de Pensão nessa quinta-feira (19) que continuou responsável por cuidar do recebimento de propina mesmo após ter deixado a empresa, em agosto de 2012. Barusco repetiu à CPI acusações que fez em sua delação sobre o pagamento “sistematizado” de propina em determinados contratos da Petrobras e disse que essa lógica se repetiu automaticamente na Sete Brasil, empresa criada a partir da Petrobras para investir na construção de sondas para explorar o pré-sal.
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Questionado pelo relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), se houve tráfico de influência na obtenção de recursos dos fundos de pensão para viabilizar a Sete Brasil, Barusco disse que não tratou do assunto porque sua área era operacional. Além dos fundos, bancos também investiram no projeto, que previa inicialmente a construção de sete sondas a um custo estimado de US$ 5 bilhões. “Todo mundo era fundamental aí, os fundos de pensão eram realmente fundamentais, se eles não estivessem aí, acho que o projeto não teria saído”, declarou.
Barusco afirmou que houve reuniões com o ex-presidente Lula e com a presidente Dilma Rousseff, ainda quando ela era ministra da Casa Civil, para discutir a criação da Sete Brasil, mas que não trataram de propina. Depois da Operação Lava-Jato, os projetos da Sete Brasil passaram a enfrentar problemas, com a escassez de recursos e falta de pagamento.
Barusco repetiu que a propina era de 1% sobre o total dos contratos e que parte foi destinada ao PT, por meio do tesoureiro João Vaccari Neto, e o restante ao ex-diretor Renato Duque, atualmente preso pela Operação Lava-Jato, a João Ferraz, então presidente da Sete Brasil, a Eduardo Musa, também delator da Lava-Jato, e a Roberto Gonçalves, ex-gerente da Petrobras preso nesta semana na última fase da operação.
Vaccari e o PT têm negado que recebiam recursos de propina e dizem que todas as doações recebidas são legais. Duque também nega envolvimento com irregularidades. A defesa de Gonçalves afirmou, na ocasião de sua prisão, que ele não teve ingerências sobre contratos. Em uma carta à direção da Sete Brasil, Ferraz já admitiu ter recebido propina. O delator já havia prestado depoimento no início do ano à CPI da Petrobras.