Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que é preciso empenho para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff. Lula afirmou que, antes de pensar em 2016 e 2018, é preciso tirar o governo da agonia criada pela oposição. "Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das eleições", disse, ao participar do 3º Congresso da Juventude do PT, em Brasília. "Eles não souberam perder."
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À espera de Lula, integrantes da juventude petista pedem saída de Cunha e LevyLevy elogia Lula e diz que se sente confortável no governoLula nega pressão por Meirelles na Fazenda'É muito fácil bater só em um', diz neta de LulaLula se expõe mais para 'salvar o PT'Oposição agora quer obstruir sessões presididas por Eduardo CunhaLula quer empenho pelo PlanaltoDilma sanciona MP para obras de infraestrutura e veta cinco artigosSem citar os prováveis adversários do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Lula afirmou que a mídia trabalha para mostrar que a política está apodrecida. "E aí quem tenta resolver possivelmente seja um programa de TV ou um apresentador", disse. Na pré-campanha em São Paulo nomes de jornalistas e apresentadores como Celso Russomanno (PRB), João Dória (PSDB) e José Luiz Datena (PP) aparecem na disputa.
Lula voltou a dizer que não se pode permitir "que ladrão fique chamando petista de ladrão" e fez uma defesa do ex-tesoureiro João Vaccari, preso por suspeita de corrupção no esquema de propina da Petrobras.
Cobrança dos jovens
Lula minimizou as palavras de ordem que ouviu de jovens do PT e lembrou o episódio de criação do partido, em 1980, para dizer que na época ''havia muito mais radicalismo''. ''As palavras de ordem que estou vendo aqui é como doce de cupuaçu em comparação ao que a gente ouvia no Colégio Sion'', disse - o colégio Sion, em São Paulo, foi palco de uma reunião que culminou com a criação do PT.
Lula ouviu cobranças da juventude do PT assim que subiu no palco: "Lula, eu quero ver, você romper com o PMDB", gritavam. Os jovens também pediam a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Lula afirmou acreditar que o "ideal" seria que um único partido pudesse governar tudo. "O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a presidente, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém", disse. "Seria maravilhoso."
Mas o ex-presidente ponderou que isso é uma utopia e que é preciso aceitar o resultado das eleições e "construir a governabilidade". ''Entre a política e o sonho, entre o meu desejo ideológico partidário e o mundo real da política, tem uma distância enorme'', disse. Lula afirmou que as alianças são fundamentais já que sempre ''alguém vai ganhar e alguém vai perder''
Os jovens pediram, ainda, a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy e abriram uma faixa escrita ''Nem Meirelles, Nem Levy'', numa referência ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Lula nega, publicamente, que esteja atuando para convencer a presidente Dilma pela substituição de Levy por Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seus mandatos.
Lula cobrou respostas e propostas da juventude e disse que "apenas escrever num documento 'Fora Levy, ou fora PMDB', é muito pouco". Ao discursar, afirmou que em encontro recente com o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, os dois conversaram sobre a possibilidade de escrever um livro ou fazer um vídeo para ''provocar a juventude a assumir um papel mais importante na política''.
Antes das cobranças, o ex-presidente foi recebido aos gritos de ''Lula guerreiro do povo brasileiro'' A frase também estampa algumas faixas que ocupam o ginásio onde cartazes com fotos estilizadas de petistas que tiveram os nomes envolvidos nos escândalos do mensalão e da Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari - ambos presos.
Também estavam presentes no evento presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, os deputados Zé Geraldo e Paulo Pimenta..