(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Governo estabelece prioridades antes do recesso parlamentar

Palácio do Planalto tem quatro semanas para garantir a votação de projetos importantes da agenda econômica sem colocar ainda mais tensão na situação do presidente da Câmara


postado em 23/11/2015 06:00 / atualizado em 23/11/2015 07:36

Brasília – Interessados em concluir logo as votações e partir para o recesso, os líderes do governo fixaram três projetos prioritários na agenda dessas próximas quatro semanas de funcionamento do Congresso, colocando na geladeira qualquer movimento que possa deixar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), sob uma tensão ainda maior. “Conselho de Ética não é tema de governo. A minha missão é garantir a agenda econômica e isso nós estamos fazendo”, diz o líder da presidente Dilma Rousseff na Câmara, José Guimarães (PT-CE).


Os três projetos pinçados na extensa pauta de votações da Casa são a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o projeto de lei que altera a meta fiscal e a Desvinculação de Receitas da União (DRU). A LDO é fundamental inclusive para ajudar o presidente da Câmara a ganhar tempo para votação do processo contra ele no Conselho de Ética. Isso porque a LDO é a única lei que, se não for aprovada, prorroga automaticamente os trabalhos do Poder Legislativo e, assim, não há suspensão dos prazos. Foi assim, por exemplo, em julho quando a Casa fez o recesso branco.

Com o recesso oficial, onde a contagem de prazo é suspensa, os 90 dias de tramitação do processo por quebra de decoro terminam apenas em abril, isso se o Conselho considerar que há indícios para que o presidente da Casa seja investigado. Portanto, a corrida do governo para votar logo a LDO e partir para o recesso é uma forma de ajudar Cunha sem se expor.

A intenção dos oposicionistas em obstruir os trabalhos da Casa apenas para constranger Eduardo Cunha foi vista com uma certa desconfiança pelos fiéis aliados do governo da presidente Dilma Rousseff. “A oposição namorou 11 meses com Eduardo Cunha, foi com ele para a Rússia, brindou lá o impeachment da presidente Dilma e agora vem com essa de obstrução. Não se pode impedir a Câmara de trabalhar por causa dos problemas de Eduardo Cunha. O Poder Executivo não tem nada a ver com isso. Aliás, quem elegeu Cunha foi a oposição. O PT tinha candidato, Arlindo Chinaglia”, afirma o deputado Sílvio Costa (PSC-PE), um dos maiores adversários de Eduardo Cunha na Câmara.

O PT, no entanto, tem ajudado como pode a sustentar o presidente da Câmara para evitar que ele coloque o pedido de impeachment da presidente Dilma em tramitação. Na semana passada, Cunha afirmou em entrevista coletiva que poderia colocar o pedido para tramitar ainda este ano. Aliados do presidente da Câmara avaliam que um pedido de abertura de processo de impeachment tramitando na Casa ajudaria a jogar uma penumbra sobre o caso do próprio Cunha e as contas suíças que suscitaram a ação no Conselho.

Ocorre que, para alguns, o presidente da Casa perdeu o momento certo de colocar o impeachment na roda. Agora, se o fizer, soará como uma tentativa de se esconder atrás de um fato que poderá chamar mais a atenção dos formadores de opinião. Além disso, levará o PT a jogar contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, o que até aqui não ocorreu. O partido de Lula e de Dilma, alás, foi o último a registrar presença na reunião do conselho de quinta-feira, justamente para ajudar a manobra dos aliados do presidente da Câmara.

Marina

Também para a ex-senadora Marina Silva, o governo está blindando o presidente da Câmara como forma de impedir o andamento de um processo de impeachment da presidente Dilma. Ela disse ontem, em convenção da Rede Sustentabilidade, realizada em Brasília, acreditar que já há provas que trazem convicção sobre a culpa do deputado, mas ressaltou que ainda não vê fatos contra a presidente. “Uma parte da oposição blindava (Cunha) em nome do impeachment e o governo continua blindando em nome do não impeachment”, disse Marina, que foi candidata ao Palácio do Planalto, no ano passado.

OS DOIS LADOS DA MOEDA

Quem ganha com o enfraquecimento de Cunha

Governo – Com o oposicionista Eduardo Cunha enfraquecido o processo de impeachment perdeu força. Cunha era uma espécie de avalista da oposição para levar o impeachment adiante. Ele não deu prosseguimento ao processo e terminou abandonado pela maioria dos oposicionistas que pede o afastamento dele da Presidência da Câmara. Enquanto isso, o governo vai destravando a pauta de votações.

Ala de Michel Temer e de Renan Calheiros
– Eduardo Cunha trabalhava nos bastidores para se sobrepor ao vice-presidente Michel Temer e ao presidente do Senado, Renan Calheiros, dentro do PMDB. Agora, diante das dificuldades políticas, ele não tem tido força suficiente para suplantá-los.

Quem perde

Oposição – Estava tudo certo entre Eduardo Cunha e os oposicionistas para deflagrar no final de outubro, início de novembro o pedido de abertura de processo contra a presidente Dilma. Como Eduardo não cumpriu o acordo e a situação se agravou diante das revelações de documentos sobre as contas da Suíça, a oposição o abandonou e já começa a dar adeus ao processo de impeachment da presidente.

Outros políticos enroscados na Lava-Jato
– Quem tem mandato e está na lista de investigados na Lava Jato, conta com a sobrevivência de Eduardo Cunha e, assim, evitar que a fila ande. Agora, com o presidente da Câmara enfraquecido, esses parlamentares estão com receio de que, resolvido o caso Eduardo Cunha, eles serão os próximos a enfrentar o Conselho de Ética.

Bancada conservadora – Eduardo Cunha tem dado todo o apoio a projetos polêmicos puxados por deputados mais conservadores. Se ele sair, muitos apostam que essa pauta perderá força.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)