Jornal Estado de Minas

Oposição promete ação conjunta contra Cunha na PGR

Brasília – Os principais partidos de oposição ao governo, além de alguns independentes, anunciaram nessa terça-feira que vão apresentar de forma conjunta à Procuradoria-Geral da República uma representação listando ações que mostrariam que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usa o cargo para tentar se livrar das acusações de envolvimento no escândalo da Petrobras. A representação assinada pelas bancadas de deputados do PSDB, DEM, PPS, REDE, Psol e, possivelmente, o PSB será entregue em audiência com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, às 18h de hoje.

O objetivo do grupo é municiar Janot de argumentos para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento de Cunha do cargo. Entre outros pontos, os deputados vão citar as manobras de Cunha e de aliados para atrapalhar o processo de cassação contra ele no Conselho de Ética da Câmara. Do ponto de vista dos adversários de Cunha, essas ações impedem a produção de provas que poderiam ser usadas contra o peemedebista na esfera criminal.

A reunião das oposições e de partidos independentes foi realizada no gabinete da Liderança do PPS. Participaram do encontro os líderes do PSDB, Carlos Sampaio (SP), do DEM, Mendonça Filho (PE), do PPS, Rubens Bueno (PR), da Rede, Alessandro Molon (RJ), do PSOL, Chico Alencar (RJ), além do deputado Júlio Delgado (MG), representante do PSB no Conselho de Ética. Vários outros deputados também foram ao encontro, entre eles um petista, Leonardo Monteiro (MG). “Fui como deputado, acredito que Eduardo Cunha não tem mais condições de presidir a Casa”.

“Na desastrosa entrevista em que apresentou sua defesa, Eduardo Cunha mostrou sua face, a de quem não mede as consequências quando o objetivo é se defender. Não é de um presidente com essa estatura moral de que precisamos”, afirmou Sampaio.
O líder do DEM foi na mesma linha: “Vamos mostrar a nossa revolta com um presidente que usa o cargo para inviabilizar o Conselho de Ética”, disse Mendonça Filho.

Proposta

A oposição esteve alinhada com Cunha durante quase todo o ano de 2015 com o objetivo de deflagrar um processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Recentemente, porém, abandonou o barco após o recrudescimento das acusações contra o presidente da Câmara e a avaliação de que ele busca um acordo com o governo para salvar o mandato. Nessa terça-feira, membros da oposição disseram à reportagem que foram procurados por aliados de Cunha para oferecer a troca da abertura de impeachment contra Dilma pelo arquivamento do processo de cassação do mandato do deputado.

Os partidos decidiram também que possivelmente (alguns teriam que confirmar essa posição internamente em suas bancadas) vão tentar paralisar o plenário da Câmara esvaziando as sessões. Embora sejam minoria, eles contam com a adesão de deputados de partidos governistas. A primeira medida nesse sentido foi abandonar a reunião de líderes partidários na tarde dessa terça-feira, realizada no gabinete de Cunha, em protesto contra o peemedebista.

 

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