Brasília - A Polícia Federal e o Ministério Público se aproximaram mais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 21ª fase da Operação Lava-Jato, a Passo Livre, deflagrada ontem. Segundo o lobista Fernando Baiano e o empresário Salim Schahin, o pecuarista José Carlos Bumlai — amigo de Lula preso ontem — e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto diziam que Lula tinha conhecimento de um esquema para forjar empréstimo de R$ 12 milhões no banco do grupo Schain e depois obter um contrato bilionário com a Petrobras para pagar dívida do PT. A versão bateria com a narrativa do publicitário Marcos Valério, que, na iminência de ser preso pela condenação no mensalão, afirmou em 2012 que o esquema envolvia até as empresas de ônibus de Ronan Maria Pinto, que culminaram na morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT).
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Fraude envolvendo pecuarista envolvia financiamento do PTNova etapa da Operação Lava-Jato prende amigo do ex-presidente Lula Não há nenhuma prova contra Lula, afirma Sérgio Moro'Bumlai não era tão amigo assim', afirma presidente do Instituto LulaLava-Jato investiga negócios do Banco BTG Pactual com filhos de BumlaiDelação põe o estádio Mané Garrincha no olho da operação Lava-JatoLula pede que as pessoas se coloquem no lugar de Dilma antes de criticá-laSérgio Moro intima PF para ouvir Bumlai até segunda-feiraCorrupção é sistêmica; não é ônus de um partido ou um governo, diz procuradorO juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, em seu despacho, foi cauteloso ao afirmar que o nome de Lula pode ter sido usado “indevidamente” nas negociações. Segundo ele, não existem provas contra o ex-presidente. O Instituto Lula não comentou as afirmações dos delatores.
“Eu não temo ser preso porque duvido que tenha alguém neste país, do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário, pequeno ou grande, que diga que um dia teve uma conversa ilícia comigo”, disse Lula em entrevista ao SBT, no dia 5.
BÊNÇÃO Em 2004, Bumlai tomou R$ 12 milhões emprestados no banco Sachin e não pagou. Segundo o empresário Salim Schahin — que assinou acordo de colaboração premiada com os investigadores, assim como Fernando Baiano e o ex-gerente da petroleira Eduardo Musa —, a dívida foi contraída em nome do PT. Em 2009, o valor era de R$ 21 milhões. Para quitar, foi contratada a empreiteira Schain para operar a sonda Vitória 10.000 da Petrobras, um negócio que renderia mais de R$ 1 bilhão ao grupo. O empresário disse que, segundo Bumlai e Vaccari, Lula sabia da contratação da sonda.
“O depoente e seu irmão Milton também receberam de Vaccari a informação de que o presidente estava ao (sic) par do negócio.” No lugar do débito, foram dados descontos por “pontualidade” e a entrega de embriões de bois para o banco. Mas, segundo o Ministério Público, tudo não passou de uma fraude. “Com essa remissão de perdão de R$ 6 milhões de pontualidade inexistente, houve total perdão dos juros e o crédito voltou para 12 milhões”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos.
O MPF ainda desconfia de créditos obtidos por Bumlai no BNDES. Em fevereiro de 2005, quatro meses depois de Bumlai conseguir dinheiro no Schain, uma das empresas dele, a usina São Fernando Açúcar e Álcool, conseguiu um crédito na instituição estatal de R$ 64 milhões. “Na época, a empresa estava inativa, sem empregados”, desconfia Mattos. Em 2008, outro empréstimo de R$ 350 milhões. A São Fernando Energia, que tinha apenas sete funcionários e elevou seu capital social de R$ 10 mil para R$ 30 milhões, conseguiu mais R$ 104 milhões do BNDES. As dívidas não foram pagas.