São Paulo - A prisão do pecuarista José Carlos Bumlai envolve um esquema de corrupção e fraude para pagar dívidas da campanha da reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme os depoimentos de delatores e provas que embasaram a decretação da prisão do pecuarista pelo juiz Sergio Moro. “José Carlos Bumlai se insere totalmente neste quadro , pois as provas indicam que disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar, de maneira fraudulenta, a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia”, escreveu Moro no decreto de prisão. Num dos depoimentos de sua delação premiada, citados por Moro para justificar a prisão, o ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Musa afirmou que havia uma dívida de R$ 60 milhões da campanha presidencial de 2006, na qual Lula foi reeleito, com o banco Schahin. Para quitá-la, o governo utilizaria o contrato de operacionalização da sonda Vitória 10.000. Musa afirmou, em delação, que recebeu US$ 720 mil no exterior a título de propina. Também delator, o acionista do grupo Salim Schahin afirmou que o negócio foi avalizado por Lula. “Bumlai chegou a dizer a Fernando que o negócio estava ‘abençoado’ pelo presidente Lula”, disse o delator, em depoimento.
Leia Mais
Nova etapa da Operação Lava-Jato prende amigo do ex-presidente Lula 'Bumlai não era tão amigo assim', afirma presidente do Instituto LulaPF vê fraude em 42 concursos para 64 cargos públicosInvestigação da Lava-Jato se aproxima de LulaALIADOS Embora o Planalto se esforce para blindar a presidente Dilma Rousseff e assegurar que a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai não afeta os rumos do governo, aliados da petista reconhecem que o enfraquecimento do ex-presidente Lula com a detenção do pecuarista torna arenoso o terreno em que o governo se apoia. “Se o Lula cair, o governo cai no dia seguinte. Dilma não se sustenta sem o seu mentor”, garantiu um petista com bom trânsito no governo. Em todos os momentos, ao longo do dia dessa terça-feira (24), a prisão de Bumlai foi assunto principal nos corredores palaciano.