Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi informado por volta das 6h30 desta quarta-feira, 25, da prisão do líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), e da busca e apreensão realizada nos gabinetes que ocupa no Congresso. A reportagem do Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi uma das pessoas que avisaram Renan das diligências.
A prisão de Delcídio foi motivada pela suposta tentativa de tentar evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró mencionasse ele e o banqueiro André Esteves - também detido hoje - em sua delação premiada. Uma conversa do petista foi interceptada pela Polícia Federal.
Os autos serão remetidos dentro de 24 horas ao Senado para que, por voto da maioria dos membros da Casa, se resolva sobre a prisão. Caberá ao presidente do Senado conduzir a sessão que decidirá o futuro de Delcídio. Renan também é investigado pela Lava Jato.
Planalto
A prisão de Delcídio Amaral abala o Planalto, uma vez que o petista é líder do governo no Senado e vinha conduzindo as votações das medidas de ajuste fiscal na Casa. Delcídio tem bom relacionamento com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reúne quase toda semana.
Além de ver a investigação da Operação Lava Jato avançando sobre o governo, a prisão de Delcídio ressuscita o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando a presidente Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil.
A refinaria foi comprada por preço superfaturado e Dilma afirmou que autorizou a compra com base em um relatório produzido por Nestor Cerveró, então diretor da área internacional da Petrobras. De acordo com a presidente, ela constatou depois que o relatório tinha falhas.
Assessores da presidente com quem Delcídio também tem bom relacionamento se esquivaram de comentar a prisão do senador com a justificativa de que decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) devem ser cumpridas.