A prisão do líder do governo no Senado, o senador petista Delcídio Amaral, foi motivada por uma conversa interceptada pela Polícia Federal. Nela, Delcídio conversa com uma pessoa ligada a Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso desde janeiro em Curitiba, no Paraná. O interlocutor de Delcídio é Bernardo Cerveró, filho de Nestor.
De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, o senador petista ofereceu R$ 50 mil mensais a Nestor Cerveró e uma rota de fuga, que começaria pelo Paraguai, em troca de não citá-lo em delação premiada.
O resultado dessa conversa levou o STF a autorizar a prisão preventiva do líder do governo e senador petista nesta quarta-feira. Delcídio chegou à sede da Polícia Federal, em Brasília, sem algemas. Também foi preso na manhã desta quarta-feira o banqueiro André Estves.
Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava-Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.
STF
Em reunião da Turma do Supremo Tribunal Federal que toma as decisões sobre a Operação Lava Jato, o ministro Teori Zavascki disse que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) prometeu interceder junto a Corte para libertar o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O ministro relatou ainda uma atuação concreta e intensa de Delcídio e André Esteves, presos nesta quarta-feira, 25, para evitar a delação de Cerveró.
Nestor Cerveró está preso desde janeiro deste ano. Ele já foi condenado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo Teori, a investigação mostra que Delcídio não medirá esforços para "embaraçar a Lava Jato". André Esteves teria, ainda, uma cópia da delação premiada de Nestor Cerveró. No depoimento, o ex-diretor narra crime de corrupção por Delcídio na compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA.
No áudio interceptado pela PF, há uma discussão sobre meios e rotas de fuga de Cerveró do Brasil.
Também foram presos Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcídio do Amaral, e o advogado de Nestor Cerveró, Edson Siqueira Ribeiro Filho.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde nessa terça-feira (24) a PF prendeu o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lava-Jato
Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava-Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Há informações ainda não oficiais que ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma do STF dedicada à Lava-Jato para a manhã desta quarta-feira. A reunião da Corte será reservada - algo raro.
De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido de Teori, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras.