Brasília - O Palácio do Planalto decidiu lavar as mãos sobre o destino do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e abandoná-lo à própria sorte para que a nova crise não prejudique ainda mais a presidente Dilma Rousseff. Até ser preso pela Polícia Federal, na manhã dessa quarta-feira, 25, Delcídio era líder do governo no Senado. O escândalo deixou o núcleo político do Planalto perplexo e em alerta.
"O governo foi surpreendido pelos fatos ensejados pela ação do Supremo Tribunal Federal", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "Não vejo impacto maior sobre o governo, uma vez que fatos relatados não derivam de ação do governo ou por ele solicitado", disse.
Em conversas reservadas, porém, auxiliares de Dilma admitem que a estratégia de rifar Delcídio foi adotada para blindar a presidente. Não sem motivo: além de ver a investigação da Operação Lava Jato avançando sobre o Planalto, a prisão do senador petista ressuscita o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando Dilma era ministra-chefe da Casa Civil.
A refinaria foi comprada por preço superfaturado e Dilma depois afirmou que autorizou o negócio com base em um relatório produzido por Cerveró. De acordo com a presidente, ela constatou depois que o documento tinha falhas.