São Paulo, 27 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse não ver exatamente um "avanço institucional" na prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) por ter sido o primeiro parlamentar preso no exercício do mandato. "Não vou responder dessa maneira", disse aos jornalistas. "O que se mostra é que não há soberanos no Estado de direito, todos aqueles que praticam delito serão responsabilizados", afirmou.
Gilmar Mendes explicou que, a seu ver, houve um "caso clássico de prisão preventiva", a partir de todos os elementos observados na gravação entregue pelo filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Bernado Cerveró à Procuradoria-Geral da República. "Todos os fatos revelados são graves. Os senhores perceberam o tipo de diálogo, a oferta de fuga, obstrução da justiça, tudo isso é elemento suficiente para permitir a prisão preventiva, é um caso clássico de prisão preventiva."
O ministro disse que a suprema Corte entendeu que houve um "flagrante técnico" ou uma "situação de flagrância". Segundo Gilmar Mendes, a gravação em si não foi considerada o flagrante, mas a existência de uma organização criminosa. "O tribunal entendeu que essa é uma hipótese de flagrante técnico, porque se trata de pertencer a uma organização criminosa, portanto isso seria um crime permanente e suscetível de prisão porque é uma situação de flagrância permanente", defendeu.
Mendes completou ainda que a existência da organização criminosa precisa ser julgada, mas que o STF entendeu que os elementos gravados - fuga de Cerveró para o Paraguai, uso de nacionalidade espanhola, oferta de mesada, obstrução da Justiça - mostram uma ação projetada por uma organização.
Perguntado sobre a legitimidade de uma gravação feita sem autorização judicial, Gilmar Mendes defendeu o seu uso. "Até aqui, o entendimento é de que uso da gravação por parte de um dos interlocutores é legítimo, porque ele está fazendo isso para sua própria defesa."
Citação de ministros
Gilmar Mendes minimizou novamente a citação de ministros - inclusive dele - por Delcídio Amaral.