Uma série de medidas previstas na minirreforma eleitoral tendem a reduzir os custos de campanha. A começar pelo período de campanha, abatido pela metade – de 90 para 45 dias –, e do tempo do programa de televisão, encurtado de 45 para 35 dias. Nenhum corte, contudo, que chegue perto de substituir o peso do financiamento empresarial nas campanhas neste país, onde nunca houve a tradição de participação de pessoas físicas com contribuições em dinheiro nas eleições. Para além da cultura política, contudo, outras situações podem comprometer o sucesso na busca do financiamento de pessoa física: há um cenário de profundo desgaste, incompreensão e desconfiança dos eleitores em relação à arena da política e dos políticos, que se agrava com a recessão anunciada, que já ceifa empregos e renda.
De uma forma ou de outra, o jogo é igual para todos. “Serão campanhas pobres, com muito pé no chão e solado de sapato”, pondera o vice-governador e presidente estadual do PMDB, Antônio Andrade. Mas como nem todos cumprem a regra, vigiar o volume de campanha do adversário – ou a “concorrência desleal” – será uma das funções mais importantes das eleições, avalia o presidente estadual do PSDB, deputado federal Domingos Sávio. “O lado positivo de acabar com o financiamento de pessoa jurídica é que diminui o vínculo entre o candidato eleito e os interesses mercadológicos de empresas ou setores de atividade”, avalia. “Mas o lado negativo é o risco iminente do caixa 2. Temo estarmos caminhando para um processo eleitoral em que a influência do dinheiro ilícito seja tão grande a ponto de decidir eleição”, acredita Domingos Sávio.
Check-list
Previsões quanto ao caixa 2 à parte, calculadora na mão, no PMDB, o trabalho de sistematização dos itens considerados essenciais de campanha, que não podem faltar, já começou. “É uma espécie de check-list, que prioriza o essencial e indica a próxima ação em caso de disponibilidade de recursos”, afirma Antônio Andrade. “Elegemos a campanha nas mídias sociais como prioritária, pois é mais barata, ao lado da produção dos programas de rádio e de televisão. O terceiro tópico fundamental da lista são os materiais gráficos”, diz o peemedebista presidente da legenda.
No PSDB, a estratégia se inicia com a escolha de nomes. “Queremos atrair lideranças com boa história pessoal, pois é o capital político que será o divisor de águas”, diz Domingos Sávio. Segundo ele, além de buscar nomes de fácil aceitação pelo eleitorado, a legenda pretende trabalhar com uma material básico para a padronização da marca, que será distribuída a todos os candidatos. Já no PT, a aposta é abrir o debate com a sociedade pela mobilização da militância. “Não haverá grandes campanhas para ninguém. A nossa terá militância, dentro da perspectiva de ouvir para governar”, sustenta Maria Aparecida de Jesus, presidente estadual do PT.