Com a pressão do corte das despesas do Orçamento, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, passou o dia de hoje em articulações para garantir a aprovação do projeto de lei que altera a meta fiscal deste ano até a próxima quarta-feira, 2. Wagner disparou telefonemas para o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), lideranças e parlamentares da base aliada.
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Ideli vê 'resultados melhores' na articulação política com Berzoini e WagnerWagner Pinheiro deixa Correios e pedetista Giovanni Queiroz assume presidênciaWagner e Adams chegam ao Senado para entrega de defesa das contas do governoDilma coordena reunião no Alvorada para garantir aprovação da meta fiscalRenan acha que Congresso vota hoje mudança da meta fiscal de 2015O governo considera que a paralisação da máquina administrativa, com o corte de programas e investimentos de interesse dos parlamentares, acabará contribuindo para pressionar o Congresso pela aprovação do projeto e "virar essa página do ajuste fiscal".
Na avaliação do Executivo, a decisão dos Poderes Judiciário e Legislativo para contingenciamento dos recursos também é um fator de pressão para a aprovação do projeto. Por decisões unilaterais e preocupados em cumprir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), Câmara, Senado, a própria Corte de Contas e até a Procuradoria-Geral da República (PGR) publicaram hoje decretos no Diário Oficial da União bloqueando a liberação de recursos.
Pelo princípio da separação dos Poderes, o Executivo não tem autonomia para fazer cortes sobre os demais. O contingenciamento do TCU, por exemplo, foi de R$ 62,2 milhões. Segundo o Ministério do Planejamento, o corte sugerido para Judiciário e Legislativo é de R$ 1,7 bilhão, mas deve ficar um pouco menor. Em seus decretos no DOU, o Senado e a PGR destacaram que, caso o Congresso aprove a revisão da meta fiscal, o contingenciamento feito será tornado sem efeito.
A presidente da Comissão Mista do Orçamento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), defendeu a aprovação rápida da proposta.
O líder do PSDB do Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que a oposição deve se valer de manobras regimentais para tentar impedir a votação ou, se não for possível, se manifestar contra no mérito. "O problema é que a alteração da meta fiscal é como se fosse a limpeza da cena do crime", disse. Segundo ele, o "crime" foi praticado no ano passado e, mais uma vez, o governo quer repetir a ação..