São Paulo, 30 - O pecuarista José Carlos Bumlai afirmou nesta segunda-feira, 30, à força-tarefa da Operação Lava Jato que não se recorda de ter recebido do operador de propinas do PMDB, Fernando Baiano, pedido para que ele intercedesse junto ao então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva "para a manutenção de Nestor Cerveró" na Diretoria de Internacional da Petrobras.
"De toda forma, o então presidente Lula nada fez nesse sentido", afirmou Bumlai, ouvido pela primeira vez nos autos da Lava Jato, desde que foi preso preventivamente, na terça-feira, 23, alvo central da Operação Passe Livre.
Questionado sobre encontros recentes com o amigo ex-presidente, Bumlai apontou que esteve pelo menos três vezes em 2014 com Lula. "Nunca discutiu aspectos da Operação Lava Jato com o ex-presidente".
Bumlai minimizou suas relações de amizade com Lula. "Atribui a imprensa a alcunha que recebeu de 'amigo do Lula'", registrou a força-tarefa da Lava Jato.
O pecuarista explicou que sua ligação com o ex-presidente da República iniciou-se a partir de intermediação de Zeca do PT, ex-governador do Estado do Mato Grosso do Sul, em 2002. Foi nessa época, a única visita que ele diz ter recebido Lula em sua fazenda.
Bumlai disse que "auxiliou a Presidência da República a partir de estudos e projetos relacionados a Reforma Agrária". "Estes projetos naturalmente aproximaram o declarante de Luiz Inácio Lula da Silva", registra a força-tarefa.
Bumlai lembrou ainda que em 2002, quando Lula foi eleito presidente da República pela primeira vez, chegou a gravar material para a campanha. "Luiz Inácio Lula da Silva gravou com o declarante, em 2002, material para propaganda eleitoral do então candidato a presidente da República."
Nora
Bumlai também afirmou que o valor, cerca de R$ 1,5 milhão, repassado pelo operador de propinas Fernando Baiano não tinha relação com irregularidades. "Não se tratava da pagamento relacionado suposta comissão que seria devida pela obtenção de contratos da Sete Brasil pela OSX."
Segundo o pecuarista, o valor foi um empréstimo para que ele pagasse seus funcionários, como havia afirmado em entrevista ao Estado. Na versão de Baiano, Bumlai solicitou o repasse de R$ 2 milhões para repassar para um nora de Lula.