Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira, 1, que cabe aos partidos políticos entrarem com uma representação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS). O petista está preso desde a quarta-feira da semana passada por ordem do Supremo Tribunal Federal sob a acusação de ter tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
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Delcídio se queixa de ter sido abandonado pelo Congresso e PlanaltoAssessor de Delcídio descarta delação premiadaFilho de Cerveró diz que advogado lhe entregou R$ 50 mil em nome de DelcídioSTF autoriza abertura de inquéritos contra Delcídio, Renan, Jader e Aníbal GomesPartidos de oposição como o PSDB, o DEM e a Rede pressionaram para que Renan mandasse o caso de Delcídio diretamente para o Conselho sem a necessidade de uma representação movida pelos partidos. Contudo, diante da inércia do peemedebista, as legendas decidiram entrar com o pedido no colegiado hoje.
Para Renan, a iniciativa no Parlamento sempre coube aos partidos e, como as legendas já anunciaram que entrarão com a representação, não adianta a Presidência do Senado tomar uma iniciativa como essa.
Questionado sobre o fato de a oposição alegar que a Casa estaria se omitindo no caso do petista, ele respondeu. "Se os partidos não fizerem, é evidente que caberá à Mesa (Diretora do Senado, presidida por Renan) fazê-lo. Mas o mais recomendável é que os partidos façam, até porque eles estão dizendo que vão fazer isso", frisou.
O presidente do Congresso classificou a prisão de Delcídio - a primeira de um senador durante o exercício do mandato desde 1988 - como grave, relevante e que surpreendeu a todos. "O senador Delcídio tem com todos nós o melhor relacionamento, é um grande relações públicas e qualquer iniciativa vai partir das bancadas, dos partidos", disse.
Inquéritos
Com relação aos dois novos pedidos de abertura de inquérito contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Operação Lava Jato, Renan negou qualquer tipo de relação para além das "institucionais" com ninguém.
"Nunca autorizei, nem consenti, nem permiti e nem permitiria que alguém falasse em meu nome em nenhum lugar", destacou o peemedebista.
Em um dos inquéritos, Janot quer investigar conjuntamente o senador Delcídio Amaral, Renan e e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA). No segundo inquérito, o pedido é por apurações sobre Renan, Jader e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado como um emissário do presidente do Senado. Os parlamentares devem ser investigados pelas práticas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Essa é a quinta investigação na qual Renan é alvo na Lava Jato.
Cunha
Questionado se a eventual abertura de um processo por quebra de decoro contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), poderia atrapalhar o Congresso, Renan evitou responder diretamente e destacou que "o interesse do País tem que ser colocado acima de qualquer outro".
"É isso que deveremos priorizar, governo e oposição. Nesta hora temos que surpreender o interesse do Brasil com bom senso, com responsabilidade, com equilíbrio, pensando no bem do País. Temos que votar as matérias que sinalizarão com relação a 2016", disse Renan, na chegada a seu gabinete.
O Conselho de Ética da Câmara se reúne hoje à tarde para decidir se abre um processo contra Cunha por quebra de decoro, sob a alegação de ele ter mentido sobre a existência de contas no exterior supostamente abastecidas com recursos oriundos de desvios da Petrobras. Petistas têm sido pressionados a livrar Cunha para evitar que o presidente da Câmara aceite um pedido de abertura de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff..