Brasília - Preso preventivamente na Operação Lava-Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai vai comparecer na tarde desta terça-feira à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, porém deve permanecer calado, munido de habeas corpus concedido ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo assim, deve enfrentar questionamentos, sobretudo de parlamentares da oposição, sobre sua relação com o ex-presidente Lula, de quem é amigo. Bumlai chegou a Brasília por volta das 12 horas, pouco mais de duas horas antes da sessão da CPI, prevista para 14h30.
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Terrenos no ABC paulista ligam Bumlai a fornecedor de campanha do PTBumlai diz que nunca discutiu Lava Jato com LulaSTF concede a Bumlai direito de ficar calado na CPI do BNDESProcuradoria que investiga Lula quer acesso a dados da Lava-JatoSTF rejeita queixa-crime de Lula contra senador Ronaldo CaiadoBumlai cumpre promessa e permanece calado ao ser questionado na CPI do BNDESA defesa, então, recorreu ao Supremo e, ontem, o ministro Marco Aurélio de Melo concedeu liminar garantindo a Bumlai o direito de permanecer calado durante o depoimento à CPI. A liminar também assegura ao pecuarista o direito de não assinar termo de compromisso de dizer a verdade, além de ser assistido por advogado durante a sessão.
Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, Bumlai afirmou ontem que não se recorda de ter recebido do operador de propinas do PMDB Fernando Baiano pedido para que ele intercedesse junto ao então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva "para a manutenção de Nestor Cerveró" na diretoria de Internacional da Petrobras. O pecuarista disse que "nunca" discutiu "aspectos da Operação Lava Jato" com o ex-presidente. O empresário ainda minimizou a relação de amizade com o petista, atribuindo à imprensa a alcunha que recebeu de "amigo do Lula".
Acusações
Bumlai foi preso, preventivamente, na terça-feira, 24, na 21ª fase da Operação Lava Jato. O pecuarista foi detido num hotel em Brasília, horas antes da oitiva que prestaria à CPI do BNDES. Na ocasião, Moro pediu desculpas ao presidente da CPI do BNDES na Câmara pela coincidência e pôs o empresário à disposição da comissão. Ele é investigado, entre outras coisas, por ter contraído empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin para pagar dívida de campanha de Lula e do PT. Também é investigado por ter contraído empréstimos de mais de R$ 500 milhões com o BNDES que não foram pagos..