O vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) admitiu nesta terça-feira, 1, por meio de sua assessoria de imprensa, que se reuniu com o engenheiro Nestor Cerveró em 2007, em São Paulo, quando estava sendo discutida a substituição do executivo na diretoria Internacional da Petrobras.
Segundo o peemedebista, o encontro foi intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, apontado como amigo do ex-presidente Lula, que telefonou para Temer e comentou do pedido do ex-diretor. Na ocasião, Temer era deputado federal e Cerveró queria ser mantido no cargo. A informação do vice-presidente contradiz o depoimento de Bumlai, preso há uma semana, à força-tarefa da Operação Lava Jato. Nesta segunda-feira, 30, o amigo de Lula afirmou que não se dedicou a ajudar na manutenção de Cerveró no cargo estratégico da estatal.
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Michel Temer, ainda por meio de sua assessoria, disse que na época não havia nenhuma denúncia ou suspeita de irregularidade envolvendo Cerveró na Petrobras.
Nestor Cerveró foi preso na Lava Jato em janeiro de 2015. Condenado a 18 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-diretor se tornou, em 18 de novembro, o novo delator do esquema de propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.
Outro personagem da Lava Jato, o lobista João Augusto Henriques, ligado ao PMDB, afirmou em depoimento à Polícia Federal que Fernando Diniz o convidou para ser o diretor Internacional da Petrobras.
João Henriques foi preso em 21 de setembro na 19ª fase da Lava Jato e revelou ter depositado "pouco mais de um milhão de dólares" em uma conta que depois veio a saber pertencia ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo Henriques, a transferência para Cunha foi feita a pedido de Felipe Diniz, filho de Fernando Diniz.
Em sua delação premiada, Fernando Baiano também citou o deputado Fernando Diniz. Segundo Baiano, ele se reuniu com um advogado, ligado a Fernando Diniz, para tratar da permanência de Cerveró na Diretoria. O lobista disse ao Ministério Público Federal que não se lembrava do nome do advogado, que mantinha negócios com o deputado.
"Na reunião o advogado falou que realmente a bancada mineira do PMDB na Câmara dos Deputados tinha a prerrogativa de indicar o Diretor Internacional da Petrobras e que inclusive havia intenção de indicar o nome de João Augusto Rezende Henriques; que, no entanto, o nome de João Augusto Rezende Henriques estava tendo dificuldades de ser aprovado porque ele tinha um processo em trâmite no Tribunal de Contas da União em razão de fotos relativos ao período em que havia trabalhado na BR Distribuidora", relatou Fernando Baiano.
Na delação, o lobista afirma que sugeriu que Cerveró fosse mantido no cargo "mediante ajuda à bancada mineira do PMDB na Câmara dos Deputados". "Diante disso, o advogado solicitou o pagamento de aproximadamente R$ 1 milhão mensais para a bancada mineira do PMDB na Câmara dos Deputados, a fim de que Nestor Cerveró fosse mantido no cargo de Diretor Internacional da Petrobrás. O depoente explicou que, pelo fato de a Diretoria Internacional da Petrobrás não ter contratos constantes, tendo apenas negócios pontuais, não teria como assumir esse compromisso."
Naquela ocasião, narrou Fernando Baiano, o pecuarista informou que, em razão da ajuda de Cerveró na contratação do Grupo Schahin para operação do navio sonda Vitória 10.000, o executivo havia sido indicado para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora.
"Pelo que o depoente subentendeu, essa questão da indicação de Nestor Cerveró para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora, em retribuição à ajuda prestada na contratação da Schahin para operação do navio sonda Vitória 10000, teria sido tratada com o presidente Lula."
Nestor Cerveró acabou indicado para o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser preso. Jorge Zelada assumiu o posto de Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras.