Brasília - Mais uma vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganhou tempo no processo contra ele no Conselho de Ética. Após seis horas de discussão, o colegiado adiou a votação do parecer do relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP). Nova sessão está marcada para as 14h desta quarta-feira. Em um cenário incerto, os votos dos três integrantes do PT serão decisivos diante da ameaça de Cunha de deflagrar processo de impeachment da presidente Dilma e da pressão de parte da legenda por uma posição contra o peemedebista. A fim de protelar a votação ao máximo o resultado, aliados de Cunha fizeram uma série de questionamentos até a sessão ser suspensa devido ao início da sessão conjunta do Congresso, o que impede votações em comissões. Os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Manoel Júnior (PMDB-PB) e Paulinho da Força (SD-SP) apresentaram questões de ordem questionando o registro da presença de suplentes no Conselho de Ética. Eles acusaram o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), suplente, de furar a fila na porta da sala antes do início da reunião. No caso de um dos 21 titulares estar ausente, vota um suplente do bloco no colegiado ao qual o partido dele pertence.
Leia Mais
Sessão do Conselho de Ética é encerrada e parecer contra Cunha será votado amanhãPetista no Conselho de Ética diz que Cunha está chantageando governoMetade da bancada do PT pede continuidade de processo contra CunhaConselho de Ética pode adiar de novo decisão de processar CunhaPetistas estão sob pressão diante de impeachment de DilmaLorenzoni acusou deputados de estarem preocupados de “não entregar o que prometeram”. Sérgio Moraes (PTB-RS) rebateu. “O senhor é um mentiroso de primeira linha. Não tenho medo de ti. Falo sentado porque sou homem”, disse. Vencida essa discussão, iniciou-se um impasse sobre em que bloco a deputada Eliziane Gama (Rede-MA), suplente, poderia votar.
Um dos titulares que indicou, durante a sessão, ser a favor do arquivamento do processo, o deputado Wellington Roberto (PR-PB), protocolou parecer alternativo ao relatório de Pinato. O texto defende uma “censura pública” como pena para Cunha. A hipótese foi descartada pelo vice-presidente do Conselho de Ética, deputado Sandro Alex (PPS-PR), uma vez que agora só está em análise a admissibilidade, e o parecer em discussão não fala em qualquer punição. Na última semana, o relatório prévio de Pinato não foi votado devido a pedido de vista de aliados do peemedebista.
Se o parecer for aprovado, o conselho precisa notificar o acusado. A partir daí, se inicia o prazo de 10 dias para defesa. O colegiado tem até 90 dias úteis para encerar o processo, contados a partir da instauração, em 3 de novembro. Caso o conselho arquive a representação, seis partidos de oposição (PSDB, PPS, DEM, PSB, PSOL e Rede) anunciaram que vão recorrer ao plenário.
DEFESA Em uma defesa contundente, o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, afirmou que não existe comprovação dos crimes, apenas denúncia da Procuradoria-Geral da Republica (PGR). Ele chamou as delações premiadas de “torturadas”, com alegações não comprovadas e lembrou que seu cliente foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal na Ação penal 858, outro processo do qual foi alvo. “Não existe a menor possibilidade desse processo (no Conselho de Ética) vir a ter outro fim que não o seu arquivamento. Esse processo já é natimorto”, afirmou.
De acordo com Nobre, Cunha não mentiu na CPI da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior. “Não existe lei brasileira que obrigue qualquer cidadão a declarar em seu Imposto de Renda esses valores na forma como o deputado Eduardo Cunha tem”, afirmou em referência a trustes (espécie de fundo de investimento) vinculadas ao parlamentar.
.