Com a maior bancada na Câmara dos Deputados – com 66 parlamentares –, o PMDB será o fiel da balança no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com o poder de influenciar de forma decisiva o resultado, seja qual for. Nos últimos tempos, nomes fortes do partido já vinham pressionando pelo desembarque da legenda do governo petista. Por outro lado, integrantes da oposição avaliam como crucial a postura do partido no caso. Entendem que, se os peemedebistas ficarem, no mínimo, divididos, o processo não tem chance de prosperar.
No Palácio do Planalto é dado como certo que a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de acatar o pedido de impeachment teve o aval da cúpula do partido. Nos bastidores, auxiliares próximos de Dilma avaliam que, temendo virar a bola da vez, o PMDB decidiu optar pelo impedimento de Dilma para pelo menos mudar o foco das atenções. Além do próprio Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e até mesmo o vice-presidente Michel Temer têm telhado de vidro por terem sido citados em investigações da Polícia Federal e podem estar tentando salvar a própria pele.
Temer teria recebido sinais ao longo do dia apontando sobre a decisão de Eduardo Cunha, mas, oficialmente, o vice-presidente tomou conhecimento no momento do anúncio do presidente da Câmara. No caso de haver no país um processo de impeachment, Michel Temer assumiria a presidência do país.
Temer foi indicado pelo PMDB, na vaga de vice de Dilma Rousseff, em 2010, quando era presidente nacional do partido e também presidente da Câmara dos Deputados. Na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva era favorável à indicação do peemedebista Henrique Meirelles, mas venceu o PMDB. A indicação ocorreu depois de Temer ter derrotado ala de seu partido, liderada pelo senador Pedro Simon, que defendia candidatura própria à reeleição.
Antes de assumir ao lado do PT, o peemdebista carregava a seu favor, a experiência de ter presidido a Câmara por três vezes. Mesmo assim, seu primeiro mandato à frente da vice-presidência da República chegou a ser considerado decorativo. A partir da reeleição, Temer ganhou maior notoriedade se tornando o articulador político do governo, passando a acompanhar a votação de todos os temas de interesse, atuando na negociação de cargos, posto que assumiu até agosto deste ano, quando deixou a função para continuar na articulação do Executivo com os demais poderes, com um papel de maior peso institucional.
O vice-presidente sempre se colocou contrário ao impeachment, mas, em pelo menos duas ocasiões, chegou a declarar que é preciso que “alguém tenha a capacidade de unir o país”, apontando a gravidade da crise política e econômica. A frase provocou mal-estar dentro do PT. Se Temer decidir embarcar na articulação a favor do impeachment, a chance de sucesso é quase certa. A esperar o próximo passo.
Seis mandatos
Paulista de Tietê, cidade a 120 quilômetros de São Paulo, aos 75 anos Michel Temer é considerado um dos homens mais influentes do país. Ele é formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), é doutor pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) e tem livros publicados sobre o direito constitucional. A vida política começou em 1984, quando ele foi nomeado secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, onde ficou até 1986, ano em que se elegeu suplente de deputado federal pelo PMDB. Foi deputado federal por seis mandatos.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de quem foi uma espécie de fiel escudeiro e um dos maiores defensores da reeleição, Michel Temer foi presidente da Câmara dos Deputados por três vezes. No cargo, assumiu a Presidência da República, interinamente, em janeiro de 1998 e em junho de 1999. Mais tarde, em 2004, disputou a Prefeitura de São Paulo, como vice na chapa encabeçada por Luiza Erundina (PSB), mas não venceu o pleito.
O vice-presidente teve seu nome associado a denúncias na Operação Caixa de Pandora, que investigou o mensalão do DEM, esquema no Distrito Federal. O político negou qualquer envolvimento no escândalo. Voltou a ser citado por delatores da Operação Lava-Jato de ser um dos contatos do PMDB com o esquema de propina na Petrobras. (Com agências)
Pelo mundo
A abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ganhou espaço nos sites dos principais jornais do mundo.O espanhol El País colocou o assunto na manchete: “O Parlamento brasileiro abre o processo de destituição de Rousseff”, dizia o título. O americano Washington Post e o britânico “The Guardian” também repercutiram o tema. O espanhol El País chamou Eduardo Cunha de “ultraconservador” e afirmou que “seu descrédito é completo”. O americano Washington Post classificou o peemdebista como “inimigo declarado” de Dilma e citou uma declaração do líder do PT no Senado, Humberto Costa, dizendo que “Cunha criou o nível mais baixo de chantagem que um país pode ver”. O britânico The Guardian escreveu que o “Brasil deslizou mais profundamente para sua pior crise política no século”.
No Palácio do Planalto é dado como certo que a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de acatar o pedido de impeachment teve o aval da cúpula do partido. Nos bastidores, auxiliares próximos de Dilma avaliam que, temendo virar a bola da vez, o PMDB decidiu optar pelo impedimento de Dilma para pelo menos mudar o foco das atenções. Além do próprio Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e até mesmo o vice-presidente Michel Temer têm telhado de vidro por terem sido citados em investigações da Polícia Federal e podem estar tentando salvar a própria pele.
Temer teria recebido sinais ao longo do dia apontando sobre a decisão de Eduardo Cunha, mas, oficialmente, o vice-presidente tomou conhecimento no momento do anúncio do presidente da Câmara. No caso de haver no país um processo de impeachment, Michel Temer assumiria a presidência do país.
Temer foi indicado pelo PMDB, na vaga de vice de Dilma Rousseff, em 2010, quando era presidente nacional do partido e também presidente da Câmara dos Deputados. Na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva era favorável à indicação do peemedebista Henrique Meirelles, mas venceu o PMDB. A indicação ocorreu depois de Temer ter derrotado ala de seu partido, liderada pelo senador Pedro Simon, que defendia candidatura própria à reeleição.
Antes de assumir ao lado do PT, o peemdebista carregava a seu favor, a experiência de ter presidido a Câmara por três vezes. Mesmo assim, seu primeiro mandato à frente da vice-presidência da República chegou a ser considerado decorativo. A partir da reeleição, Temer ganhou maior notoriedade se tornando o articulador político do governo, passando a acompanhar a votação de todos os temas de interesse, atuando na negociação de cargos, posto que assumiu até agosto deste ano, quando deixou a função para continuar na articulação do Executivo com os demais poderes, com um papel de maior peso institucional.
O vice-presidente sempre se colocou contrário ao impeachment, mas, em pelo menos duas ocasiões, chegou a declarar que é preciso que “alguém tenha a capacidade de unir o país”, apontando a gravidade da crise política e econômica. A frase provocou mal-estar dentro do PT. Se Temer decidir embarcar na articulação a favor do impeachment, a chance de sucesso é quase certa. A esperar o próximo passo.
Seis mandatos
Paulista de Tietê, cidade a 120 quilômetros de São Paulo, aos 75 anos Michel Temer é considerado um dos homens mais influentes do país. Ele é formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), é doutor pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) e tem livros publicados sobre o direito constitucional. A vida política começou em 1984, quando ele foi nomeado secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, onde ficou até 1986, ano em que se elegeu suplente de deputado federal pelo PMDB. Foi deputado federal por seis mandatos.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de quem foi uma espécie de fiel escudeiro e um dos maiores defensores da reeleição, Michel Temer foi presidente da Câmara dos Deputados por três vezes. No cargo, assumiu a Presidência da República, interinamente, em janeiro de 1998 e em junho de 1999. Mais tarde, em 2004, disputou a Prefeitura de São Paulo, como vice na chapa encabeçada por Luiza Erundina (PSB), mas não venceu o pleito.
O vice-presidente teve seu nome associado a denúncias na Operação Caixa de Pandora, que investigou o mensalão do DEM, esquema no Distrito Federal. O político negou qualquer envolvimento no escândalo. Voltou a ser citado por delatores da Operação Lava-Jato de ser um dos contatos do PMDB com o esquema de propina na Petrobras. (Com agências)
Pelo mundo
A abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ganhou espaço nos sites dos principais jornais do mundo.O espanhol El País colocou o assunto na manchete: “O Parlamento brasileiro abre o processo de destituição de Rousseff”, dizia o título. O americano Washington Post e o britânico “The Guardian” também repercutiram o tema. O espanhol El País chamou Eduardo Cunha de “ultraconservador” e afirmou que “seu descrédito é completo”. O americano Washington Post classificou o peemdebista como “inimigo declarado” de Dilma e citou uma declaração do líder do PT no Senado, Humberto Costa, dizendo que “Cunha criou o nível mais baixo de chantagem que um país pode ver”. O britânico The Guardian escreveu que o “Brasil deslizou mais profundamente para sua pior crise política no século”.