Dependendo da disposição dos deputados federais e do próprio governo, o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) pode ser instaurado no início de janeiro do ano que vem, quando a petista teria de se afastar do cargo por até 180 dias para aguardar o próprio julgamento. Isso ocorrerá se for cumprida a pretensão do Palácio do Planalto. A oposição, que também queria celeridade com o argumento de que o país não pode ficar paralisado, mudou de estratégia depois de saber da posição do governo e passou a defender a interrupção para o recesso entre 22 de dezembro e fevereiro. Caso a Câmara consiga quórum para abrir todas as sessões necessárias, a decisão do plenário por dois terços dos membros pode ser tomada em 5 de janeiro, seguindo em dois dias para o Senado, caso eles optem por levar o impeachment adiante.
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Mendes nega pedido do PT para suspender ato de Cunha que abriu impeachmentSupremo rejeita duas ações para impedir impeachment de Dilma Notificação de impeachment de Dilma já foi recebida pelo PlanaltoOposição define na terça-feira se apoia recesso parlamentar, diz AécioPaes diz que Dilma é honesta e não vê razão para processo de impeachmentGrupos prometem ir às ruas manifestar apoio ou repúdio ao impeachmentSegundo a assessoria da Câmara, são consideradas as reuniões de toda natureza, sendo uma com quórum por dia, o que daria à petista prazo até 17 de dezembro para se defender. A partir do que disser a presidente, que pode até mesmo encurtar esse prazo, entregando sua defesa antes, a comissão especial terá de contar mais cinco reuniões de plenário abertas para a emissão do parecer pelo relator.
A recomendação feita nessa quinta-feira pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, para líderes da base aliada foi acelerar a votação do pedido de impeachment para para evitar uma paralisia maior do Congresso. A avaliação do Planalto é que o tempo é desfavorável e, por isso, é melhor enfrentar o processo o quanto antes. A orientação é não usar de manobras para atrasar a tramitação do pedido. Caso quisesse adiar a votação, a base poderia derrubar o quórum evitando que sessões fossem abertas. “Não é questão de o tempo correr contra o governo. O que o governo quer é livrar o país dessa pauta para poder governar com mais tranquilidade”, afirmou a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), que representará o partido na comissão especial.
O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado, confirmou que o partido vai defender que o recesso parlamentar não ocorra para agilizar uma solução para a situação de Dilma. “Pedi reunião permanente de toda a bancada, não vai ter descanso, não vai ter folga, não haverá Natal, não haverá ano-novo até o encerramento dessa situação”, disse.
OPOSIÇÃO Horas depois de Eduardo Cunha despachar favoravelmente o pedido de impeachment, ainda na quarta-feira, a oposição também começou a pressionar para suspender o recesso. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, disse que a Casa não pode parar enquanto a denúncia por crime de responsabilidade contra a presidente não for investigada. Nessa quinta-feira, entretanto, em nota, Sampaio, afirmou que o governo quer suspender o recesso para “diminuir a pressão popular e inviabilizar o impeachment”. “O governo quer aproveitar o período do Natal e do Ano Novo para tentar dificultar a mobilização dos movimentos sociais e, com isso, diminuir a pressão sobre os deputados. É uma manobra para ‘matar’ o impeachment. Isso é inaceitável. Se é assim, defenderemos, a partir de agora, a manutenção do recesso”, afirmou Sampaio.
O recesso tem início em 22 de dezembro e termina em fevereiro. Cabe ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a decisão de convocar senadoras e deputados neste período, para garantir o funcionamento de comissões ou sessões extraordinárias de votação.