Brasília – Em meio ao embate entre aliados e oposição do Palácio do Planalto em torno da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), representantes de movimentos sociais e políticos prometem participar ativamente da decisão do Congresso Nacional. As primeiras reuniões para definir uma agenda de mobilizações ocorreram nessa quinta-feira (3) mesmo, em vários estados brasileiros. Grupos como o Revoltados On-Line e o Vem pra Rua – que assinaram o documento elaborado pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal, acatado na quarta-feira pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – garantem que estarão no Congresso Nacional em todas as reuniões da Comissão Especial que discutirá a possibilidade do afastamento da presidente Dilma.
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Grupos marcam manifestação pelo impeachment no dia 13Governo e oposição travam batalha sobre andamento do processo de impeachmentGoverno é maioria em comissão que analisará impeachmentPara a saúde da democracia, é preciso defendê-la contra o golpe, diz DilmaDilma está muito tranquila sobre impeachment, diz presidente argentinoPaes diz que Dilma é honesta e não vê razão para processo de impeachmentMovimentos de apoio e contrários a Dilma marcam datas para novos protestos“A batalha do impeachment começa agora. Não vamos deixar que tudo o que fizemos ao longo de 2015 seja em vão. Agora a batalha começa a ficar mais árdua, e o papel do cidadão nas ruas se torna cada vez mais importante. Serão tempos de guerra”, afirmou Holiday.
Líder do Movimento Vem pra Rua do Distrito Federal, Jailton Almeida está confiante na aprovação da abertura do processo de impeachment no plenário da Câmara. “Estaremos lá para acompanhar tudo, e como a votação é aberta, acreditamos que dificilmente alguém vai se comprometer votando para manter um governo falido”, defendeu. Também em página na internet, o fundador do grupo Revoltados On Line, Marcello Reis, avisou que “agora o bicho vai pegar” e que em breve haverá “o maior manifesto do nosso querido Brasil”. Marcello também disse que haverá “resistência” e pede aos simpatizantes que efetuem doações para duas contas bancárias ou via cartão para “continuarmos nesta guerra entre o bem e o mal”.
Democracia
Na defesa de Dilma, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) marcou para hoje, em Brasília, a primeira manifestação contra o impeachment. O evento terá a participação de outras entidades, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Frente Brasil Popular. “É um ato contra o golpe e contra o retrocesso na democracia”, afirmou o presidente da entidade, Vagner Freitas. O sindicalista também fez críticas ao presidente da Câmara, que, segundo ele, deveria estar preso.
Em nota, o presidente da CTB, Adilson Araújo, expressou “repúdio” à tentativa de afastamento da presidente, que ele classificou de “atitude golpista”. O sindicalista afirmou ainda que Eduardo Cunha “não reúne sequer condições morais e éticas para o cargo, tão pouco para questionar a legitimidade de um governo democraticamente eleito por 53% dos brasileiros”.
Idealizadora da página Não vai ter golpe, Janise Carvalho disse nessa quinta-feira que manterá contato com o diretório do PT para articular um movimento contra o impeachment da presidente. “Como cidadã, espero que prevalesça a justiça. Se não há uma base política, teremos que confiar nas instituições”, disse ela, que defendeu manifestações em todos os estados para evitar a vitória dos “golpistas”.
Em Belo Horizonte, representantes de partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais se reuniram nessa quinta-feira na Assembleia Legislativa para traçar estratégias para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As manifestações contra o afastamento da presidente devem começar ainda esta semana..