Brasília – Em meio ao embate entre aliados e oposição do Palácio do Planalto em torno da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), representantes de movimentos sociais e políticos prometem participar ativamente da decisão do Congresso Nacional. As primeiras reuniões para definir uma agenda de mobilizações ocorreram nessa quinta-feira (3) mesmo, em vários estados brasileiros. Grupos como o Revoltados On-Line e o Vem pra Rua – que assinaram o documento elaborado pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal, acatado na quarta-feira pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – garantem que estarão no Congresso Nacional em todas as reuniões da Comissão Especial que discutirá a possibilidade do afastamento da presidente Dilma.
“A batalha do impeachment começa agora. Não vamos deixar que tudo o que fizemos ao longo de 2015 seja em vão. Agora a batalha começa a ficar mais árdua, e o papel do cidadão nas ruas se torna cada vez mais importante. Serão tempos de guerra”, afirmou Holiday. Durante discurso em convenção nacional do DEM realizada nessa quinta-feira pela manhã em Brasília, ele disse que “o povo não irá apoiar aqueles que defenderem a corrupção”.
Líder do Movimento Vem pra Rua do Distrito Federal, Jailton Almeida está confiante na aprovação da abertura do processo de impeachment no plenário da Câmara. “Estaremos lá para acompanhar tudo, e como a votação é aberta, acreditamos que dificilmente alguém vai se comprometer votando para manter um governo falido”, defendeu. Também em página na internet, o fundador do grupo Revoltados On Line, Marcello Reis, avisou que “agora o bicho vai pegar” e que em breve haverá “o maior manifesto do nosso querido Brasil”. Marcello também disse que haverá “resistência” e pede aos simpatizantes que efetuem doações para duas contas bancárias ou via cartão para “continuarmos nesta guerra entre o bem e o mal”.
Democracia
Na defesa de Dilma, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) marcou para hoje, em Brasília, a primeira manifestação contra o impeachment. O evento terá a participação de outras entidades, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Frente Brasil Popular. “É um ato contra o golpe e contra o retrocesso na democracia”, afirmou o presidente da entidade, Vagner Freitas. O sindicalista também fez críticas ao presidente da Câmara, que, segundo ele, deveria estar preso. “O deputado tenta tirar o foco das suas irregularidades e da possibilidade grande de ele ser deposto e preso”, argumentou Freitas.
Em nota, o presidente da CTB, Adilson Araújo, expressou “repúdio” à tentativa de afastamento da presidente, que ele classificou de “atitude golpista”. O sindicalista afirmou ainda que Eduardo Cunha “não reúne sequer condições morais e éticas para o cargo, tão pouco para questionar a legitimidade de um governo democraticamente eleito por 53% dos brasileiros”.
Idealizadora da página Não vai ter golpe, Janise Carvalho disse nessa quinta-feira que manterá contato com o diretório do PT para articular um movimento contra o impeachment da presidente. “Como cidadã, espero que prevalesça a justiça. Se não há uma base política, teremos que confiar nas instituições”, disse ela, que defendeu manifestações em todos os estados para evitar a vitória dos “golpistas”.
Em Belo Horizonte, representantes de partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais se reuniram nessa quinta-feira na Assembleia Legislativa para traçar estratégias para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As manifestações contra o afastamento da presidente devem começar ainda esta semana.