A presidente Dilma Rousseff (PT) está na iminência de sofrer a primeira baixa na equipe ministerial após deflagrado o processo de impeachment na Câmara dos Deputados. O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), um dos principais aliados do vice-presidente Michel Temer (PMDB), disse a correligionários que vai deixar o governo.
Padilha teria tentado entregar a carta de exoneração do cargo nessa quinta-feira (3) à Presidente. No entanto, não conseguiu uma brecha na agenda presidencial. O encontro para comunicar à presidente que vai deixar o governo deve acontecer na próxima segunda-feira (7).
Temer
Segundo na linha sucessória da Presidência da República, o vice-presidente Michel Temer tem evitado de participar das principais discussões com integrantes da cúpula do governo e de se posicionar publicamente sobre a instauração do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A avaliação inicial das lideranças do PMDB da Casa é de que o momento é de "cautela", uma vez que a questão ainda precisa ter seus desdobramentos na Câmara, onde o processo deverá ser discutido inicialmente.
Nos bastidores, a cúpula do PMDB diz que é preciso "descolar" do presidente da Cãmara, Eduardo Cunha, neste momento. Mas avalia que não pode ficar alheia a ponto de se distanciar muito de uma solução para o caso. A busca é pela equidistância.
Não por acaso, Temer, Renan e o segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se reuniram logo após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), definir o início do processo. No encontro, segundo relatos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), considerou que o momento é de se ter "sobriedade" e "seriedade".
Seguindo a estratégia de se afastar das discussões sobre o tema, Temer deixou Brasília na tarde dessa quinta-feira (3) e foi para São Paulo, deixando a sua cadeira vaga na reunião organizada pelos ministros da coordenação política, em que se discutiu os caminhos que deverão ser enfrentados com a deflagração do processo de afastamento de Dilma.
Segundo relatos, Temer fez apenas uma análise política do momento atual, não se adentrando em questões jurídicas, que deverão ser encampadas pela equipe da presidente. A reunião entre Dilma e Temer durou cerca de 20 minutos e foi a primeira após Cunha anunciar que daria prosseguimento ao processo de impeachment.
No encontro com Dilma, o vice-presidente também aconselhou a petista a não entrar em confronto direto com Cunha. Ao negar ter praticado "atos ilícitos" em sua gestão, Dilma ressaltou que recebeu com "indignação" a decisão do deputado. Ela também negou ter havido qualquer tipo de negociação com Cunha na tentativa de evitar o impeachment em troca de poupá-lo no Conselho de Ética, onde responde a processo por quebra de decoro.
Em entrevista realizada nessa quinta-feira (3), Cunha rebateu Dilma e afirmou que ela "mentiu à Nação" e que ao contrário das declarações dela, houve negociações com integrantes do grupo de deputado mais próximos a ele. "Dilma pediu aprovação da CPMF em troca de votos do PT no Conselho de Ética", afirmou Cunha.