Em conferência com investidores do banco Brasil Plural nesta quinta-feira, 3, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ressaltou a importância de que o encaminhamento do impeachment seja realizado o quanto antes. Para ele, é possível que o Congresso Nacional precise trabalhar em janeiro para dar os encaminhamentos necessários para avançar com o processo.
Durante a reunião, Levy reafirmou a meta fiscal de 0,7% do PIB para o ano que vem e disse que a recriação da CPMF deve vir acompanhada de uma reforma na Previdência Social. "É importante acelerar o processo do impeachment, o quanto antes isso se resolver, melhor", disse em áudio divulgado nesta sexta-feira, 4, pelo ministério da Fazenda. O ministro disse ainda que "todo país em crise precisa de mais impostos", mas defendeu a CPMF como uma alternativa que atinge a todos e numa base igual.
Questionado sobre o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, o dirigente da Fazenda a classificou como "não muito ambiciosa". Para atingir o resultado, muito distante do que o governo entregará em 2015, o ministro da Fazenda citou reformas previdenciárias, a arrecadação com a CPMF e os recursos que virão através do projeto de repatriação, que está em tramitação no Congresso. Ele ressaltou que o próximo ano não será fácil, mas que a economia brasileira tem potencial para se recuperar.
O dirigente da Fazenda fez questão de ressaltar a importância de ações do Congresso para recuperar a economia. "Temos que encontrar um jeito de recuperar a economia", afirmou.
Entre as mudanças da previdência que estão em discussão, Levy ressaltou a importância de um debate sobre a idade mínima para aposentadoria. "A reforma da previdência tem impacto no médio prazo", disse. Ele citou ainda o alto custo do sistema de pensões.
O ministro defendeu a aprovação da CPMF, ressaltou que é um imposto temporário e está sendo adotada num momento de cíclico de crise.
Levy classificou o ajuste fiscal em curso como neutro no PIB, que apresentou mais uma queda no terceiro trimestre.
Em referência ao pedido de impeachment, acatado essa semana pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Levy lembrou uma situação semelhante. O ministro citou os Estados Unidos há 10 anos, quando se discutia um procedimento semelhante com o ex-presidente Bill Clinton.
Momento desafiador
O ministro fez referência ainda às operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que, segundo ele, podem minimizar impactos sobre a dívida. "Estamos em discussão com o BNDES sobre isso", disse. Otimista, Levy ressaltou aos investidores que o governo está tomando "todas as medidas possíveis e necessárias para manter a economia funcionando", mas classificou o momento como "desafiador".
De acordo com o ministro, o ano que vem não será fácil, mas que há potencial para recuperação. Para Levy, as medidas que estão sendo tomadas estão na direção certa e o governo está fazendo o que pode para retomar o crescimento.
Ele lembrou as medidas que o governo vem tomando para melhorar o marco regulatório e diminuir as incertezas, com o objetivo de atrair os investimentos estrangeiros. Para o ministro, os investidores precisam olhar o longo prazo. Ele citou ainda duas grandes bandeiras de seu comando à frente do ministério da Fazenda, a reforma do ICMS e do PIS/Cofins.