Brasília - O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta segunda-feira, 7, após reunião dos líderes, que a avaliação unânime é que o ambiente político no País é "muito favorável à desconstrução da tese do impedimento". "Estou confiante que vamos dar conta dessa tarefa gigantesca", disse, ressaltando que o governo "vai conseguir interditar o golpe."
Guimarães lembrou que os partidos terão até as 18 horas para entregar as listas com os nomes que farão parte da comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.
Em meio a uma disputa acirrada entre os deputados pela indicação de seus líderes, a Câmara dos Deputados votará hoje a criação da comissão especial. Devido à grande demanda de parlamentares e aos cálculos que as bancadas ainda fazem para compor os 65 titulares da comissão, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu prorrogar o prazo final para a apresentação dos nomes de 14h para as 18h.
Segundo Guimarães, assim que a comissão estiver formada, o governo vai iniciar e intensificar o processo de diálogo para tentar definir o quanto antes a presidência do colegiado.
Impasse
Apesar do otimismo de Guimarães, a sensação dos líderes ouvidos pela reportagem é de que o governo ainda não tem uma estratégia definida para enfrentar o impeachment. O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, que coordenou a reunião, tentou listar os nomes da base que integrarão a comissão especial na Câmara, mas, como o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), não abriu sua lista, outros líderes também optaram por fazer suspense.
Sem saber quem serão os integrantes, o governo passou a sensação de estar "pisando em ovos", em relação a quem ocupará presidência e relatoria da comissão. Nenhum partido demonstrou interesse em ocupar os cargos.
Uma nova reunião da base deve acontecer ainda nesta noite, assim que acabar a sessão para eleição a comissão.
Recesso
Guimarães afirmou que a opinião da maioria dos líderes é não ter recesso para que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff possa ser apreciado. Essa é a estratégia do governo - a oposição ainda tenta empurrar a análise para evitar baixa mobilização popular durante as festas de fim de ano. "Qual o problema de trabalhar? O melhor para o País é trabalharmos agora", afirmou o petista.
Apesar do desejo do governo, Guimarães reforçou que a decisão sobre o adiamento ou não do recesso cabe do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL). A aposta número um do governo ainda é que Renan consiga aprovar a convocação extraordinária do Congresso no recesso e segurar o pedido de deposição feito pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
A convocação extraordinária pode ser feita pela presidente da República, por Renan, pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ou por requerimento da maioria dos integrantes de ambas as Casas para tratar de "caso de urgência ou interesse público relevante". Para tanto, o pedido tem de ser aprovado pela maioria absoluta dos deputados e dos senadores.
Segundo Guimarães, o momento exige união e recomposição da base para que o País não fique paralisado. "Nós queremos votar pautas importantes para o país", disse.
O líder do PSD, Rogério Rosso, disse, após participar da reunião, que ainda não está definido entre os líderes um consenso em torno do recesso. "Não se sabe se teremos ou não recesso. Eu sugeri um meio termo: que tenhamos recesso, mas com trabalhos iniciados na segunda semana de janeiro", afirmou. Normalmente, os parlamentares encerram os trabalhos em dezembro e retornam apenas em fevereiro.
Rosso comentou ainda o processo de indicação de parlamentares que vão compor a comissão especial que avaliará o impeachment. Segundo ele, os líderes têm mostrado que existe o padrão de buscar os mais preparados de cada partido.