Seguindo a recomendação do Palácio do Planalto para não polemizar, o deputado Henrique Fontana (PT-RS), um dos vice-líderes do PT na Câmara, avaliou nesta terça-feira que a carta enviada nessa segunda-feira (7) pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff faz parte de "divergências normais" que surgem ao longo de um governo.
"A carta faz parte de uma crítica a alguns processos que ocorreram. São divergências normais que surgem ao longo de um governo", afirmou. "Temos convicção da aliança que temos com o PMDB". Na avaliação dele, as divergências com o PT são apenas de uma parte minoritária da bancada do PMDB ligada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que aposta no "quanto pior melhor".
Segundo Fontana, Cunha não tem legitimidade para deflagrar o processo de impeachment de Dilma. "A maioria do PMDB, liderada por (Leonardo) Picciani (RJ), é contra o impeachment", ressaltou.
A declaração de Fontana foi na linha da recomendação do Planalto. Como mostrou mais cedo o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a ordem de Dilma é para que o governo silencie sobre a carta enviada ontem por Temer.
No texto, o vice-presidente diz, entre outras coisas, que Dilma nunca confiou nele e no PMDB. Segundo interlocutores da presidente, a recomendação é "reserva e silêncio". O objetivo é evitar polêmicas e um desgaste ainda maior na relação com o peemedebista.
Vazamento
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) afirmou nesta terça-feira que Michel Temer estranhou a divulgação da sua carta enviada a Dilma. O deputado disse que o vice-presidente acredita que o vazamento da carta, divulgada ontem, partiu do Palácio do Planalto. Desde a divulgação do teor da carta, Temer ainda não voltou a conversar com Dilma.
As declarações de Marun foram dadas logo após reunião no Palácio do Jaburu, onde Temer recebeu aliados do partido. De acordo com o deputado, quase a totalidade dos parlamentares que compareceram à reunião é a favor do impeachment.
Marun disse que Temer está pronto para assumir a Presidência da República em caso de impedimento de Dilma. "O papel do vice é estar preparado para assumir, caso o impedimento venha a acontecer. Isso envolve conversa política", afirmou o parlamentar.
Segundo Marun, Temer está chateado com o que chamou de "falácia" das acusações de que o impeachment seria golpismo. Ele ponderou, entretanto, que o vice não disse diretamente ter a intenção de assumir o Palácio do Planalto.