Brasília - O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quarta-feira, que o governo deve ter se "assustado" com o resultado da votação secreta nessa terça-feira (8) que elegeu uma chapa pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff para a comissão especial da Câmara que apreciará o impedimento da petista. Na eleição realizada nessa terça-feira à noite, foram 272 votos para a chapa favorável ao afastamento da petista e 199 para a chapa governista.
O tucano classificou o resultado como uma derrota "cabal" e "acachapante" para o governo, independente da decisão posterior do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a instalação do colegiado até a próxima quarta-feira (16). Segundo ele, não surtiu efeito a ação do governo de distribuir cargos - "a sua marca mais forte" - para ter votos da base.
"Acho até que o governo, que ontem corria para (votar) o processo de impeachment, agora deve estar se acautelando para fazer as contas, porque não teve sequer 200 votos numa votação secreta. Imagine quando for numa votação aberta e o parlamentar tiver sendo pressionado pela sua base", disse Aécio, em entrevista no Senado. Para Dilma ser afastada pela Câmara são necessários 342 votos.
Leia Mais
Aécio vê rompimento e fisiologismo na carta de Temer a DilmaCom gritos e discussões, Câmara elege chapa oposicionista para analisar impeachment de DilmaApós protestos menores, Aécio diz no Facebook que 'indignação permanece viva'PGR defende anular votação da comissão especial do impeachmentAécio destacou que há décadas a votação para a eleição de comissões é feita de forma secreta. Sampaio afirmou que o regimento interno da Câmara prevê essa modalidade de votação para impedir a interferência do governo em decisões internas do Congresso. "Há 20 anos qualquer eleição é secreta", disse o líder tucano.
Recesso
O presidente do PSDB repetiu a defesa de se antecipar, de 1º de fevereiro para 15 de janeiro, a volta dos parlamentares do recesso para discutirem e votarem o impeachment de Dilma.
"Quando voltarem para o Congresso, os parlamentares estarão mais sintonizados com o sentimento do Brasil, que não é da permanência da presidente Dilma", disse o senador.
Inflação
Aécio afirmou que o resultado do IPCA - que ultrapassou a barreira dos 10% no acumulado de 12 meses - demonstra a absoluta incapacidade de o governo Dilma conduzir a economia. O resultado, divulgado hoje pelo IBGE, mostrou uma aceleração em novembro, de 1,01% no mês passado - ao longo de 12 meses o índice atingiu a marca de 10,48%.
"Estamos passando pela pior das equações: juros na estratosfera - hoje 60 milhões de brasileiros estão endividados -, a inflação ultrapassando 10% e o desemprego alcançando quase 10%, com 2 milhões de postos de trabalho fechados desde a última eleição. Esse é o desfecho final da tragédia que foi o governo do PT nos últimos anos", criticou.
Questionado se a elevação da Selic em janeiro, conforme tem se especulado no mercado, ajudaria a debelar a inflação, o tucano disse que a medida não surtiria mais efeito. "O Brasil vive nos últimos meses uma crise de credibilidade e de confiança. Enquanto não houver um governo que inspire credibilidade e confiança como um todo, vamos continuar tendo os piores indicadores econômicos da história econômica", disse.
Para o tucano, a crise não é mais econômica ou moral, mas sim social. Segundo Aécio, a gestão petista tem punido os mais pobres, justamente aqueles, em sua opinião, que "o governo do PT - no seu discurso populista e demagógico - diz defender". Ele disse que a inflação pune, primeiro, as pessoas que o governo tentou fazer de "biombo eleitoral"..