O deputado Fausto Pinato (PRB-SP) anunciou nesta quarta-feira, 9, que pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal abra inquérito para investigar supostos crimes de ameaça que teria sofrido enquanto estava na relatoria do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética. Em entrevista coletiva poucas horas após ser destituído do cargo, Pinato voltou a relatar as ameaças que ele e familiares teriam sofrido e deu a entender que teria recebido, inclusive, propostas financeiras para salvar Cunha em seu relatório.
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Pinato atribui a Cunha sua destituição da relatoria do Conselho de ÉticaMesa da Câmara acata recurso de aliado de Cunha e declara Pinato impedidoPF diz que só poderá investigar ameaças contra Pinato se relator pedirDeputado Marcos Rogério será o novo relator de representação contra CunhaPinato ressaltou que tem como testemunha o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes. O parlamentar contou que, além da conversa reservada com o ministro da Justiça, procurou Moraes para fazer um Boletim de Ocorrência (B.O.) "reservado", para que não vazasse à imprensa. O deputado justificou que tomou tais medidas de forma secreta porque não queria que isso interferisse nos trabalhos do Conselho de Ética.
O deputado e aliados, contudo, já tinham relatado que ele vinha sofrendo ameaças no fim de novembro, inclusive no plenário da Câmara. Diante dos relatos, o presidente da Casa enviou ofício à Polícia Federal pedindo abertura de inquérito para investigar o caso. A PF, contudo, negou pedido de Cunha. O órgão justificou que, de acordo com o Código Penal, crimes de ameaça só podem ser investigados se houver representação da própria vitima. Foi então que Pinato procurou o ministro José Eduardo Cardoso e fez o pedido.
Medo de morrer
Pinato contou que decidiu antecipar a apresentação de seu relatório por medo de morrer. "Protocolei sim antes, porque fiquei com medo de morrer. E eu queria terminar minha missão e protocolar um relatório em cima da minha consciência", disse.
Ele disse que não faz questão de voltar ao cargo de relator. "Briguem para que votem relatório pela admissibilidade. O Brasil tem pressa, nós precisamos mostrar para o Brasil a verdade", afirmou, ressaltando que votará contra Cunha no Conselho.
O deputado destacou ainda que não denunciou nada relacionado a possíveis propostas financeiras para salvar o presidente da Câmara no colegiado, pois "questões de pressão e supostas propostas" fazem parte deste trabalho. "Não (cheguei a denunciar nada disso) porque até a questão de pressão e supostas propostas, isso faz parte, eu acho, da pressão do parlamentar. O parlamentar tem a dignidade e obrigação de aguentar", disse. "Mas a partir do momento em que se chega perto da nossa família, isso se torna um pouco mais absurdo", emendou..