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Estado de Minas

Cunha tenta de novo manobrar para adiar votação de processo contra ele

Com a Mesa Diretora nas mãos, peemedebista tira relator do Conselho de Ética e adia pela quinta vez a abertura do processo de cassação contra ele. Deputados reagem com indignação


postado em 10/12/2015 06:00 / atualizado em 10/12/2015 10:07

Num dos momentos tensos da sessão, Ivan Valente (E) Júlio Delgado (D) batem boca com aliados de Eduardo Cunha (foto: Lúcio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)
Num dos momentos tensos da sessão, Ivan Valente (E) Júlio Delgado (D) batem boca com aliados de Eduardo Cunha (foto: Lúcio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manobrou novamente e conseguiu adiar pela quinta vez, no Conselho de Ética da Casa, a abertura do processo de cassação contra ele, em razão, de seu envolvimento com a Operação Lava-Jato. A força-tarefa do Ministério Público apurou que Cunha mantém contas na Suíça, o que ele sempre negou. O adiamento, mais uma vez, foi articulado com a Mesa Diretora da Câmara, que determinou o afastamento do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) da relatoria do processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha. A decisão foi do vice-presidente Waldir Maranhão (PMDB-MA), outro aliado do peemedebista.

O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSB-BA), marcou nova sessão para hoje, quando deverá colocar em votação projeto que pede o afastamento cautelar de Cunha enquanto o processo contra sua cassação tramitar na Casa. Araújo (PSD-BA), afirmou que, se preciso, vai até o Papa para tentar afastar Cunha. “Está difícil trabalhar nesta Casa. Se precisar, vamos recorrer ao Supremo para mostrar isso. Se precisar, vou recorrer ao papa”, disse.

Depois de sorteio para substituir Pinato, na sessão dessa quarta-feira (9) à tarde, a lista tríplice para ocupar o cargo de relator ficou composta pelos deputados Leo de Brito (PT-AC), Sérgio Brito (PSD-BA) e Marcos Rogério (PDT-RO). À noite, o deputado de Rondônia foi escolhido relator do processo. O parlamentar já está produzindo um novo parecer prévio e pode apresentá-lo hoje. Como seu antecessor, Rogério deve votar pela admissibilidade do processo de cassação contra o peemedebista. Araújo afirmou pretende votar o novo documento na próxima terça-feira.

Tropa de choque

O presidente do conselho bem que tentou votar nessa quarta-feira a abertura do processo contra Cunha, mas foi atropelado pela tropa de choque do presidente da Câmara. Para evitar novos adiamentos, Araújo cassou a palavra dos integrantes do colegiado e, quando começou a analisar os requerimentos, esbarrou no do deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), outro aliado de Cunha. O pedido dele recebeu parecer favorável da Mesa Diretora para retirar Pinato. E mais. A Mesa determinou ainda a anulação de todos os atos da comissão desde a escolha da relatoria.

O clima de tensão entre os 20 integrantes do colegiado chegou à temperatura máxima, com xingamentos, discussões e ofensas entre os deputados. Para contra-atacar, Araújo designou como relator o deputado José Geraldo (PT-BA), o segundo da lista tríplice original – encabeçada por Pinato –, mas novamente foi atropelado. Fausto Pinato não escondeu seu descontentamento em sair no tapetão e afirmou: “Enquanto tiver o comando (de Cunha) da Mesa, fica difícil desenvolver.Temos que aguardar. Estamos falando do julgamento do terceiro homem mais poderoso da República.

Pressão O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), recém-indicado para o cargo de líder do PMDB na Câmara pelas mãos de Cunha, mostrou a que veio: para pressionar o presidente do Conselho, Quintão apelou para que Araújo encerrasse a sessão e convocasse uma nova para 24 horas depois. E foi atendido. A reação foi imediata. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que a situação era humilhante para o colegiado e que a manobra se tratava de “jogatina” e “chicana”. “O que estamos vivendo aqui nunca vivemos. Isso é um circo que está sendo montado, porque quem está sendo julgado é o presidente da Casa”, disse.

E o clima ficou ainda mais tenso quando alguns membros da Mesa Diretora, como Mara Gabrilli (PSDB-SP) e  Alex Canziani (PTB-PR), vieram à sessão informar que a decisão que retirou o Fausto Pinato da relatoria foi pessoal do vice-presidente Waldir Maranhão. Visivelmente contrariado, Araújo não se conteve ao decidir pelo novo adiamento. “Isso é golpe. Não podemos continuar com, a cada hora, uma nova ordem. Não somos meninos de escola. Somos deputados”, desabafou às 16h10, quando a sessão foi encerrada. (Com agências)

"Está difícil trabalhar nesta Casa. Se precisar, vamos recorrer ao Supremo para mostrar isso. Se precisar, vou recorrer ao papa"
José Carlos Araújo (PSB-BA), presidente do Conselho de Ética

"Enquanto tiver o comando (de Cunha) da Mesa, fica difícil desenvolver. Temos que aguardar. Estamos falando do julgamento do terceiro homem mais poderoso da República"

Fausto Pinato (PRB-SP), relator afastado

"O que estamos vivendo aqui nunca vivemos. Isso é um circo que está sendo montado porque quem está sendo julgado é o presidente da Casa"
Júlio Delgado (PSB-MG), integrante do Conselho de Ética


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