No jantar, Temer. De sobremesa, pontapés
Um tradicional jantar de confraternização deve ter deixado a orelha da presidente Dilma Rousseff (PT) ardendo na noite e madrugada adentro de quarta-feira. É o tradicional encontro promovido pelo senador Eunício Oliveira, líder do PMDB, em sua casa, em Brasília. Estavam presentes quase todos os senadores, mas a grande atração do cardápio foi o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o assunto da noite.
Temer estava sorridente e bem-humorado, mas reclamou muito do vazamento da carta que enviou à presidente Dilma, que tanta polêmica provocou. Para se ter uma ideia, na mesa onde estava o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ela foi o tema principal das conversas. E que duraram horas, diga-se de passagem.
Até barraco teve na confraternização. A ex-democrata e hoje peemedebista e ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (TO), jogou uma taça de vinho na cara do colega de Senado José Serra (PSDB-SP). Deu um “disse me disse” danado, mas que ninguém se engane. Se houve afrontas daqui e de lá, o motivo é um só: o pedido de impeachment da presidente Dilma – olha ele aí de novo – ,que Kátia é frontalmente contra, e Serra fortemente favorável.
Se o clima está assim nos salões elegantes de Brasília, faça uma ideia de como ficarão as ruas se os brasileiros resolverem protestar a favor ou contra a saída de Dilma do Palácio do Planalto. O PT, por exemplo, já está convocando manifestações em quase todas as capitais.
E para não dizer que não falei das flores, também teve barraco no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, com direito a troca de tapas e pontapés. É, Conselho de Ética é mesmo um bom palco para os maus modos dos nobres parlamentares. Eticamente, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a ganhar tempo com a interrupção do processo mais uma vez. Pela sexta vez, nada foi votado.
Pegando em armas
Fugindo ao seu estilo tranquilo, o senador Antonio Anastasia (PSDB) decidiu pegar em armas para atacar a presidente Dilma Rousseff (PT). Primeiro por causa da dívida do governo com a Helibrás, em Itajubá, responsável por fornecer helicópteros do programa HXBR para as três forças armadas. Só o governo já acumula uma dívida com a empresa de R$ 1,4 bilhão, o que inviabiliza o programa. E não é só. Padece também com a falta de planejamento do governo a Iveco, em Sete Lagoas, que produz o blindado Guarani, com mais de 90% de conteúdo nacional, envolve 50 empresas e quase 3 mil empregos de alta capacitação tecnológica e também é vítima de calote.
Revolta feminina
A presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB) em Minas Gerais, Rosimere Machado de Jesus, está revoltada com os homens que se filiaram à legenda. Além de entrar no partido sem que ela soubesse, os parlamentares já estão divulgando que Fábio Ramalho é quem vai comandar o partido das mulheres. “Sou fundadora e presidente desse partido, eu colhi as assinaturas, fomos convidadas a construir o PMB, como vai ser um homem? Depois que a gente arruma a casa todo mundo quer deitar na cama”, afirmou. Rosimeire disse nem saber a cara dos parlamentares mineiros filiados ao PMB, já que eles negociaram direto com a Executiva Nacional.
Pano para manga
O presidente da Comissão de Segurança Pública na Assembleia Legislativa (ALMG), deputado Sargento Rodrigues (PDT), está decidido a obstruir todos os projetos de interesse do governador no plenário. O motivo é que o governador Fernando Pimentel (PT), que havia em projeto encaminhado à Casa pagar auxílios transporte e refeição para todos os servidores do estado, mas voltou atrás em relação aos policiais civis, militares e bombeiros. Em resumo: esses servidores não mais receberão auxílio para refeição e transporte. Vai dar pano pra manga.
Quem cai primeiro?
Depois que o América se classificou para disputar a Série A do Campeonato Brasileiro no ano que vem, a pergunta que está rolando nos corredores da Assembleia Legislativa é: quem vai cair primeiro, o América, ou a Dilma?. Ao ouvir as provocações, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente do América, tem respondido que a única certeza que tem é de que seu time não cai mais. Como se vê, Alencarzinho, como é mais conhecido, é torcedor americano doente.
Disputa no MP
O grupo do atual procurador do Ministério Público, Carlos André Mariani Bittencourt , que está em seu segundo mandato, perdeu as eleições para corregedor-geral da instituição. Em um colégio eleitoral de 124 votos, o candidato da oposição, Paulo Roberto Moreira Cançado, obteve 67 votos contra 54 do nome da situação, Adilson Oliveira Nascimento. Os três restantes foram de brancos e nulos. O grupo que deixa a corregedoria está no comando do MP há 12 anos. A oposição comemorou e já enxerga o resultado como um sinal positivo para a disputa do ano que vem, na eleição do procurador-geral. A oposição é liderada pelos procuradores Nedens Ulisses e Sérgio Tonet, prováveis candidatos à cadeira de Carlos André.
Pingafogo
Nos bastidores, comenta-se que o Partido da Mulher Brasileira (PMB) estaria sendo usado como ponte por parlamentares que pretendem mudar de partido e se aproveitam da janela aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Tradução simultânea: não são raras as situações em que deputados que querem se desvincular das legendas pelas quais foram eleitos, sem perder o mandato, migram para novas legendas. Mas, se depender de Rosimere, no entanto, ficarão todos “amarrados” ao PMB.
A data foi escolhida a dedo. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revogou o título de honra do general Emílio Garrastazu Médici, que presidiu o Brasil entre 1969 e 1974, um dos mais duros períodos da ditadura militar.
Uai, e a data escolhida a dedo? É que a decisão sobre Medici, por aclamação, foi tomada ontem, em assembleia do Conselho Universitário da UFRJ. E ontem foi Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Conselho, se fosse bom, ninguém dava de graça. Mas a baixaria foi tão grande que não dá para resistir: é altamente desaconselhável convidar para a mesma mesa a senadora Katia Abreu (PMDB-TO) e o senador José Serra (PSDB-SP).
E a presidente Dilma Rousseff, hein? Que maré! Com problema no aeroporto de Buenos Aires, chegou atrasada e perdeu o juramento do novo presidente argentino, Mauricio Macri.natal.