A presidente Dilma Rousseff reagiu com ironia à decisão do PSDB que, em reunião na quinta-feira, 10, em Brasília, decidiu adotar posição única a favor do seu impeachment. "Não é nenhuma novidade", desabafou a presidente, sugerindo que toda esta operação faz parte ainda de um trabalho conjunto entre os tucanos e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu principal desafeto e responsável pela deflagração do processo que poderá culminar com seu afastamento do cargo.
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Cardozo 'lamenta' que cúpula do PSDB tenha decidido apoiar impeachmentProcesso de impeachment deve estar concluído em fevereiro, prevê CaiadoBancada do PMDB é majoritariamente contra o impeachment, diz ministroPara Planalto, atraso sobre impeachment no STF seria o 'pior dos mundos'Fachin nega pedido de Cunha e mantém suspensão do processo de impeachmentDilma não se estendeu nas respostas sobre a decisão do PSDB, mas, no Planalto, este fechamento de posição pelo partido, com apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já era esperado. "Não é possível que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos", afirmou Dilma, ao ser questionada como o governo recebia esta postura do PSDB. A tese do governo é que os tucanos estão agindo de forma alinhada com Eduardo Cunha, para tirá-la do poder.
Temer
A presidente Dilma Rousseff, na entrevista, negou ainda que ela ou o seu governo estejam trabalhando para interferir no PMDB, para devolver à liderança do partido o deputado Leonardo Picciani, contra as recomendações do vice-presidente Michel Temer, justificando que o que está fazendo é se defender contra o processo de impeachment. "O governo não tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR", afirmou. Dilma admitiu, no entanto, que todo o trabalho que está sendo feito é para garantir a sua permanência no cargo. "Agora, o governo lutará contra o impeachment.
Na entrevista, ao ser questionada sobre o encontro de quarta-feira com Temer, Dilma evitou polemizar. "Logo depois da reunião com Temer, declaramos, tivemos uma conversa pessoal e institucionalmente, do meu ponto de vista, muito rica e colocamos a importância de todos os nossos esforços em direção à melhoria da situação econômica e política do país", comentou a presidente. Ao ser lembrada que Temer pediu para que ela não interferisse nas questões internas do PMDB, Dilma reagiu alegando que estava trabalhando para defender seu mandato. "Minha conversa com o presidente, vice-presidente Temer, presidente do PMDB, eu entendo que ele tenha considerações a respeito do PMDB, ele é presidente do partido, então o governo não tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Agora, o governo lutará contra o impeachment."
Toda esta polêmica surgiu porque, ao mesmo tempo em que Dilma e Temer posavam para fotos e trocavam declarações de amizade institucional, cada um, pelo seu lado, continuava trabalhando contra o outro. Dilma e os integrantes do governo estão trabalhando para cooptar deputados de vários partidos, como o PR, para trazê-los para o PMDB. Esses novos deputados chegariam ao partido com dois compromissos: votar para que Leonardo Picciani, que é contra o impeachment, volte para a liderança do partido, destituindo o novo líder, Leonardo Quintão, e, em um segundo momento, votar contra o impeachment de Dilma, seja na comissão, seja no plenário.
Por outro lado, paralelamente, Michel Temer, que é presidente do PMDB, também está operando.
Na quarta-feira, 9, Dilma e Temer se reuniram por cerca de 50 minutos, depois de o vice-presidente ter encaminhado a ela uma carta com uma série de criticas, como desconfiança que ele estivesse tramando para assumir o Planalto e que ela o transformou em peça decorativa. Na conversa, Temer pediu a Dilma que não interferisse nas questões internas do PMDB e a advertiu que, se ela entrasse em disputas do partido na Câmara, os deputados peemedebistas poderiam antecipar a convenção de março para janeiro e, assim, anunciar, de imediato, o rompimento com o governo..