O agitado cenário político já virou de tudo: piada, meme na internet e até inspiração para marchinhas de carnaval. Enquanto há um turbilhão no Congresso e no Planalto, músicos de Campinas (SP) fazem sucesso nas redes sociais com canções em ritmo de carnaval referentes aos últimos assuntos na política. O maior hit é a marchinha em homenagem ao agente da Polícia Federal Newton Ishii – figura sempre presente nas prisões da Operação Lava-Jato. Na semana passada, foi criada a Tia Wilma e a bicicleta, em referência às pedaladas fiscais da presidente Dilma Rousseff, que também adotou o hábito de passear de bicicleta por Brasília, e Guarde bem sua cartinha, em alusão à carta do vice-presidente Michel Temer (PMDB) à presidente.
Advogado e músico, o autor das marchinhas, que chegaram a ter mais de 200 mil visualizações no YouTube, Thiago Souza diz que tudo começou quando, o humorista Sérgio Mallandro fez uma brincadeira no Facebook: “Se esse japonês bater à sua porta, pode correr”. O post foi a inspiração para a criação da marchinha do japonês. A intenção, segundo ele, era inscrever a canção no 11º concurso da Fundição Progresso, do Rio de Janeiro, para o carnaval 2016. “Mas resolvemos enviar a música para alguns amigos e o Sérgio Malandro ouviu, gostou e nos pediu um vídeo. Nosso material, para a minha surpresa, viralizou na rede”, orgulha-se Souza, que aposta na canção como o sucesso da folia (confira a letra ao lado).
O homenageado é o japonês chefe do Núcleo de Operações da PF em Curitiba. Ishii é quem sempre aparece na mídia ao lado de “peixes graúdos” da Operação Lava Jato. Além disso, ele foi citado nos áudios das conversas de Delcídio Amaral (PT-MS), como “japonês bonzinho”.“Foi a primeira vez que escrevi uma canção com tom político. Divulguei porque não queria perder o imediatismo do tema”, conta.
CARTA Depois do sucesso do japonês, o músico não tinha pretensão de criar mais marchinhas. “Mas veio o Michel Temer e escreveu uma carta para Dilma. Não teve jeito. Ele ainda começou o texto em latim”, diverte-se. Já a Tia Wilma e a bicicleta conta a história da tia que comprou uma bike e descobriu ter nascido para pedalar. Essa é uma referência às pedaladas fiscais do governo, mas Souza revela que, em nenhuma das letras, “dá nomes aos bois”. “Gosto de pegar uma situação e fazer a música, sem fazer nenhuma citação. A marchinha da carta é atemporal, pode ser de um relacionamento qualquer. E da Tia Wilma é sobre uma tia que inventei e que adora pedalar”, brinca o autor. Ele diz ainda que não pretende parar por aí, já que temas inspiradores não faltam, como o recesso parlamentar e o Conselho de Ética.
Para cantar
Japonês da Federal
Ai meu Deus, me dei mal
Bateu à minha porta
O japonês da Federal!
Dormia o sono dos justos
Raiava o dia, era quase seis
Escutei um barulhão
Avistei o camburão
Abri a porta e o Japonês,
então, falou: “Vem pra cá!
Você ganhou uma viagem ao Paraná!”
Com o coração na mão
eu respondi: “O senhor está errado!
Sou trabalhador... Não sou lobista,
senador ou deputado!”
Tia Wilma e a bicicleta
A minha tia descolou uma bicicleta
E descobriu...
Que nasceu pra pedalar
Ela pedala e pedala todo dia
Ela pedala o dia todo sem parar
É Ciclista... tia Wilma é ciclista
Pedalando ela é celebridade
Na ciclovia, tira onda de artista!
A tia Wilma pedalou por todo o mundo
E agora já não tem pra onde ir
Cuidado tia Wilma, não se canse
É bom descansar pra não cair
Guarde bem sua cartinha
Meu latim, com você não gasto mais
Está tudo acabado, aqui jaz...
Nosso amor virou rancor
Não me escreva nunca mais
Guarde bem sua cartinha
Eu não vou ficar sozinha
Pra sempre eu hei de ser amada
E você... meu ex-amor
Será motivo de piada