Temer: "Parabéns para você, Dilma"
Uma semana depois de Michel Temer (PMDB) negar apoio público contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e ainda mandar de presente uma carta dizendo que manteria com ela uma relação meramente “institucional”, o vice-presidente foi cordial. Ligou ontem, logo cedo, para Dilma para parabenizá-la por seu aniversário. A presidente completou 68 anos.
Mantendo agenda de trabalho normal, a aniversariante fez a tradicional reunião da coordenação política do governo. E espera apagar as velinhas, ops, os focos de incêndio em sua base de sustentação no Congresso, para avaliar os riscos e a possibilidade de escapar de ser afastada do Palácio do Planalto.
Para isso, decidiu marcar encontros com todos os partidos que têm assento em gabinetes na Esplanada dos Ministérios para mapear a situação. Os ministros estarão presentes, mas o objetivo é ouvir as queixas do baixo clero silencioso do plenário, que gosta das benesses do governo – que não estão sendo atendidas ou saindo a conta-gotas – e medir a temperatura em relação ao pedido de impeachment.
Mas já começa mal. Depois do cafezinho e da água no gabinete presidencial, Dilma Rousseff quer um panorama claro sobre os infiéis dos partidos da base, que não são poucos, como ela percebeu na aprovação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados, que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Amanhã, haverá a sessão no plenário do Supremo que decidirá sobe o processo da impeachment. Como de cabeça de juiz ninguém sabe o que vem – da barriga da mulher o exame de ultrassom estragou a expectativa – a ansiedade será grande até que saiam as decisões.
O certo é que a semana política será nervosa e agitada.
Multidão da tragédia
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação; o presidente da Samarco Mineração; o prefeito de Mariana; o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais; o secretário de Meio Ambiente do Espírito Santo; o diretor-geral do Instituto BioAtlântica (IBIO-AGB Doce); a superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda); um professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV); a diretora-presidente da Fundação Biodiversitas; o diretor de Pesquisa da Fundação Centro Internacional de Capacitação e Pesquisa Aplicada em Água (Hidroex), entre outros. O debate foi proposto pelo deputado Sarney Filho (PV-MA), coordenador da comissão externa da Câmara dos Deputados sobre o rompimento das barragens em Mariana. Com tanta gente assim, será produtivo?
A voz do leitor
Escreve Oranício Menezes, de Bom Despacho: “Na leitura de sua coluna, datada de 11/12/15, eis que me deparo com outra “joia” de natureza esquerdista, nojenta e distorcida da realidade dos fatos. Sei que, desta vez, você nada tem a ver com a nojeira. Mas, interrogo-me: como uma instituição se atreve a revogar, por iniciativa própria, um título concedido a alguém do porte, da honradez, da retidão moral e, acima de tudo e sobretudo, da honestidade que sempre caracterizaram o inesquecível General Médici?”. Nota: ele se referia à notícia de que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu revogar o título de Doutor Honoris Causa concedido, em 1972, ao general Emílio Garrastazu Médici, presidente da República durante o regime militar.
Agricultura organizada
Com base na Cúpula do Clima que reuniu autoridades do mundo inteiro em Paris, o deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSDB), ferrenho defensor do meio ambiente, lembrou ontem um fato interessante. Segundo ele, o boi criado no Brasil não é mais considerado o vilão que contribuía para o aquecimento global pelos gases que libera. Hoje, ele representa um efeito 30 vezes menor que o do animal criado na Europa, de acordo com pesquisa da Escola Superior Luiz de Queiroz, em Piracicaba (SP). “Isso é muito importante para nossos agricultores”.
Panela de pressão
É de caso pensado que a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou que vai convocar os partidos aliados para discutir o assunto. E a pressão já é muito grande em cima dos líderes das legendas, antes mesmo da reunião. O ministro das Ccidades, Gilberto Kassab, é um dos que estão na linha do tiro, por causa da dissidência no PSD. Outra vítima da pressão é o ministro do Esporte, George Hilton, que também tem dissidências em seu PRB. Para se ter ideia da violência palaciana, o deputado Saraiva Felipe (foto) (PMDB-MG), por ter votado pela abertura do impeachment, está sendo ameaçado de ter seus indicados no Ministério da Saúde exonerados.
Jeito tucano de ser
Era tudo jogo de cena a história de deixar a vez para os mais novos. O PSDB elege, amanhã, o seu “novo” líder na Câmara dos Deputados. E, diante da pressão pela volta dos experientes, para não dizer os mais antigos, os candidatos são de novo os baianos Jutahy Magalhães e Antônio Imbassahy. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) estava trabalhando para tentar assumir o cargo. Mas decidiu abrir mão de entrar na disputa. Como se diz, é o jeito tucano de ser, só que, desta vez, não ficaram em cima do muro.
PINGAFOGO
É... Está mesmo difícil convidar para a mesma mesa os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Renan é contra o recesso parlamentar. Cunha, claro, é a favor.
E quem pode decidir a parada é o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que apresentou o relatório final do Orçamento da União para o ano que vem. Se sentasse em cima dele, o Congresso não poderia entrar em recesso. Sintomático, não?
Aliás, o debate do Orçamento ainda terá a discussão do corte bilionário no Bolsa-Família proposto por Ricardo Barros (foto). O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo, diz que é nula a chance de a tesourada passar.
É hoje a votação para a escolha dos diretores e vice-diretores em 3.493 escolas de todo o estado. E ela terá a participação de pais, estudantes e trabalhadores que atuam na escola. As escolas ficarão abertas das 8h às 20h para a votação.
É importante salientar que os pré-candidatos passaram por um processo de certificação, uma espécie de pré-requisito para o candidato que avalia conhecimento pedagógico e técnico para o desempenho do cargo.
Começou a semana que promete fortes emoções no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF). É aconselhável à classe política a precaução de tomar alguns calmantes.