Jornal Estado de Minas

Cunha nega que vá renunciar e diz que operação na casa dele é "revanchismo"


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), disse que “estranha” a operação da Polícia Federal que cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dele na manhã desta terça-feira. “Eu estranho só que isso tenha ocorrido no dia do Conselho de Ética, às vésperas da decisão do processo de impeachment e de repente deflagram uma operação. É de uma forma assim um pouco estranha , porque está em cima de um inquérito que já tem denúncia, que é de quatro meses atrás”, disse. O peemedebista também negou que tenha intenção ou que vá renunciar ao cargo. "Estou absolutamente tranquilo", declarou.

Cunha ainda acusou o governo de estar por trás da operação de hoje que teria ocorrido em represália as ações que ele vem tomando na condução do processo de impeachment. “Eu fui escolhido para ser investigado. Eu sou um desafeto do governo”, enfatizou.
Segundo Cunha, a intenção dessa fase da operação foi colocar o partido dele, o PMDB, no foco das investigações. "Governo quer desviar a mídia do processo de impeachment e colocar em mim e ao PMDB a concentração dos atos”, afirmou dizendo que se trata de revanchismo.

Ainda como estratégia de desviar o foco e a pressão sobre ele, o presidente da Câmara atacou o partido de Dilma. "Todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e de repente fazem uma operação do PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar", afirmou Cunha, que se disse "tranquilo" e "absolutamente inocente".

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta terça-feira mandado de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, em Brasília, e também em outros endereços do parlamentar no Rio de Janeiro, em um condomínio na Barra da Tijuca. A operação também foi ao gabinete do parlamentar.
Ao todo a operação de hoje envolve o cumprimento de 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, referentes a sete processos instaurados a partir de provas obtidas na Lava-Jato. Essa fase recebeu o nome de Catilinárias.

A operação desta terça-feira também teve como alvos, entre outros, os ministros da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), os deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Áureo Lídio (SD-RJ), o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB-RJ), o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto (aliado de Cunha e exonerado na semana passada pela presidente Dilma), Aldo Guedes - ex-sócio de Eduardo Campos -, Lúcio Bolonha Funaro - delator do Mensalão -, Altair Alves Pinto - emissário de propina de Cunha, segundo os investigadores - e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.

Conselho de Ética

Sobre a aprovação do relatório que pede a continuidade da investigação dele no Conselho de Ética, Cunha disse que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, não lhe foi dado direito de defesa e que todos os atos ocorridos na reunião de hoje são irregulares. “Fizeram jogo para a plateia”, disse. .