Brasília e São Paulo - O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, afirmou em sua delação premiada que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado pediu a ele R$ 1 milhão para que "as obras andassem normalmente". À Procuradoria-Geral da República, o delator afirmou que sabia que Machado estava na Transpetro desde 2003 por indicação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
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Sérgio Machado renuncia à presidência da TranspetroInquérito ouve ex-diretor sobre Sérgio MachadoTranspetro confirma afastamento de Sérgio Machado"Diante dessas dificuldades, o declarante (Pessoa) procurou o presidente da Transpetro para superar os entraves na execução das obras", diz relatório da PGR. "Nos encontros que teve com Sérgio Machado, este disse que poderia ajudá-lo e solicitou que o declarante lhe pagasse R$ 1 milhão; que Sérgio Machado disse que o pagamento serviria para fazer com que as obras andassem normalmente; que o declarante efetuou o pagamento, mas não houve melhora na execução do contrato com a Transpetro."
O dono da UTC afirmou que o pagamento foi feito em três ou quatro parcelas. O dinheiro, segundo Pessoa, foi entregue em São Paulo, "na sede da UTC ou em um hotel no Itaim-Bibi".
Nesta terça-feira, 15, a Polícia Federal fez buscas no apartamento de Machado em São Conrado, no Rio. Os agentes levaram malotes com documentos.
O ex-presidente da Transpetro deixou a subsidiária da Petrobras em fevereiro de 2015, após 12 anos no comando da estatal petrolífera. A Transpetro é a maior processadora brasileira de gás natural. Machado foi nomeado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Machado já havia sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em delação premiada, Costa afirmou que recebeu de Machado R$ 500 mil em dinheiro "como parte de um pagamento de propina referente ao fretamento de navios entre 2009 e 2010, que envolvia a Diretoria de Abastecimento e a Transpetro".
'Lisura'
O ex-presidente da Transpetro informou ontem, após as buscas da PF durante a Operação Catilinárias, que está à disposição de todos os órgãos envolvidos nas investigações, para prestar os esclarecimentos solicitados.
Renan
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), minimizou as ações realizadas ontem pela Polícia Federal de busca e apreensão em residências e escritórios de políticos do PMDB. Renan não quis dar nenhuma declaração objetiva sobre o episódio. "Não tenho informação. Prefiro não dar opinião sem saber o que motivou essas ações", resumiu.
A interlocutores próximos, no entanto, o presidente do Senado avaliou que "o governo não tem controle sobre as investigações" e que "não mudará sua conduta". Atualmente, ele é principal aliado da presidente Dilma Rousseff no Congresso. .