São Paulo - O Ministério Público de São Paulo, por meio da Promotoria de Justiça de Falências da Capital, instaurou inquérito civil para apurar 'os danos causados aos investidores no mercado de valores mobiliários pela Petrobras, em decorrência das operações fraudulentas já admitidas em Demonstrações Contábeis Auditadas publicadas este ano'.
As ações criminais da Lava-Jato estão sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro, que considera a Petrobras vítima da organização criminosa. A Promotoria destaca que 'dados levantados pela Polícia Federal apontam que a gestão fraudulenta decorrente de pagamentos indevidos feitos pela Petrobras, desde o ano de 2004, pode atingir a cifra de R$ 42 bilhões'.
De acordo com o inquérito 'os investidores prejudicados não foram somente aqueles que compraram ações na Bolsa de Valores, mas também aqueles que aplicaram dinheiro em fundos de ações geridos por instituições financeiras'.
O inquérito também aponta que a perda de valor dos ativos e a perda de valor da Companhia 'é decorrente de operações fraudulentas que não têm relação com a atividade operacional' da empresa, e os prejuízos são indenizáveis.
Segundo o Ministério Publico de São Paulo o inquérito vai apurar quais foram as providências tomadas para resguardar os interesses dos acionistas 'em decorrência das fraudes identificadas na Operação Lava-Jato e outras que surgiram ou possam surgir no âmbito das investigações'.
A portaria de abertura do inquérito é subscrita pelo promotor de Justiça Eronides Aparecido Rodrigues dos Santos. Ele pede a notificação da Petrobras para informar sobre providências que adotou para proteger 'os interesses dos titulares de valores mobiliários e dos investidores minoritários do mercado'.
Eronides dos Santos destaca que 'há notícia de questionamento sobre a capacidade da Petrobras de usar operações de exportações futuras no valor de US$ 21 bilhões para diminuir os efeitos do câmbio sobre o seu resultado financeiro'.
O promotor observa que, se for necessário, o Ministério Público de São Paulo irá propor ação civil pública 'para assegurar o ressarcimento dos danos causados em decorrência da violação dos deveres de administração, gestão temerária ou fraudulenta da Companhia'.
Ele mandou notificar o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, o presidente interino do Conselho de Administração, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, o integrante do Conselho FIscal eleito pelos acionistas minoritários, Reginaldo Ferreira Alexandre, o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Ivan de Souza Monteiro.
Também expediu ofício para informar a Comissão de Valores Mobiliários e a BMF&Bovespa acerca da abertura do inquérito 'requisitando informações quanto às providências tomadas para resguardar os interesses dos titulares de valores mobiliários'.
A Petrobras não se manifestou sobre o inquérito da Promotoria de Falências.