Brasília, 17 - Em sorteio realizado na manhã desta quinta-feira pelos integrantes do Conselho de Ética do Senado, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi escolhido para ser o relator do processo contra o ex-líder do governo, senador Delcídio Amaral (PT-MS).
O tucano foi o terceiro a ser sorteado na sessão do colegiado. Inicialmente, o nome retirado da urna foi o do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP). Ele, porém, declinou, sob a alegação de que o seu partido apoiou a representação.
Não consta entre os autores da representação contra Delcídio nenhum integrante do PSDB. Oficialmente, o documento tem como autores senadores da Rede e do PPS.
Na sequência, o nome retirado da urna foi o do senador Otto Alencar (PSD-BA), que alegou ficar "constrangido" com a missão. "Presidente, se me cabe o direito de recusar, eu recusarei porque, apesar do pouco tempo aqui, eu sempre tive uma ótima relação pessoal e ficaria constrangido em ser relator do caso do senador Delcídio Amaral", disse Alencar.
Por fim, Ataídes Oliveira foi escolhido e, em sua primeira entrevista, considerou que os fatos até aqui revelados pela imprensa em relação a Delcídio "são gravíssimos". O petista está preso desde o últimos dia 25 de novembro, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
"Não gostaria de fazer uma avaliação a priori. Vamos aguardar a defesa de Delcídio. Mas, evidentemente, que os fatos já conhecidos por todos nós, pela imprensa, são gravíssimos", afirmou o relator.
De acordo com o presidente do Conselho de Ética, João Alberto Souza, Delcídio deve ser notificado na próxima segunda-feira, 21, para que apresente em dez dias úteis a sua defesa. Após essa etapa, o relator terá outros cinco dias para apresentar um posicionamento pela continuidade ou não do processo por quebra de decoro parlamentar.
Esses prazos, porém, não são contabilizados durante o período do recesso legislativo, previsto para iniciar na próxima terça-feira, 22.
Arquivamento
Antes da escolha do relator do processo de Delcídio, integrantes do Conselho de Ética aprovaram, por unanimidade, o pedido de arquivamento do processo contra Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O senador era acusado por supostos repasses de verbas ocorridos na Assembleia Legislativa do Amapá, enquanto deputado estadual. O pedido de arquivamento foi proposto por Randolfe que alegou que a denúncia não tinha "mérito, forma e nem fatos".
"O fato é improcedente porque já foi arquivado por dois procuradores gerais da República e pelo Supremo Tribunal Federal. Também foram apresentados documentos falsificados. Terceiro, o denunciante é um conhecido narcotraficante que atua no Amapá. Além disso, não tinha procedência nenhuma porque é uma denúncia de 2013 e na forma não tinha como se sustentar", afirmou Randolfe.