Jornal Estado de Minas

Presidente dá sinal de mudança na política econômica em 2016

Brasília - A presidente Dilma Rousseff indicou nessa quinta-feira, 17, em reunião com movimentos sociais e artistas no Palácio do Planalto, que vai "adotar medidas no âmbito cambial e fiscal" para compensar os efeitos negativos do ajuste financeiro feito pelo governo.

Os líderes dos movimentos, que anteontem foram às ruas para defender o mandato de Dilma e pedir a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, interpretaram a fala como um sinal de mudanças na política econômica a partir do ano que vem.

No encontro, Dilma ouviu pedidos de alteração na condução da economia por parte de João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e de Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, levou à presidente o documento "Por um Brasil Justo e Democrático", lançado em setembro, que defende a redução da taxa de juros, criação de bandas para a meta fiscal e mecanismos de regulação do câmbio.

'Reequilíbrio'

Dilma não especificou quais seriam as medidas que pretende seguir mas afirmou estar "ciente" de que é possível adotar ações para um "reequilíbrio". "Nós somos contra o golpe e a favor da democracia", disse Stédile. Na sequência, porém, ele emendou: "Mas, ao mesmo tempo, viemos dizer que somos contra qualquer política de ajuste fiscal do governo".

Além da guinada à esquerda, o grupo cobrou do governo "medidas concretas" para que o País possa voltar a crescer. Questionados se a presidente havia dado algum sinal de que estava disposta a atender o pleito ou havia mencionado uma eventual substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, eles desconversaram.

"Levy não nos representa. Trouxemos essas demandas à presidente e ela respondeu muito positivamente, mas colocou os limites que o governo tem", disse a sindicalista Janeslei Albuquerque.

Além da economia, os participantes do encontro pediram a Dilma a retirada do projeto que cria a Lei Antiterrorismo, de autoria do governo, que, segundo relatos, ela disse que vai reavaliar "com carinho". Conforme participantes da reunião, a presidente também afirmou que é contra o projeto de lei do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que dificulta o acesso ao aborto legal por vítimas de estupro.

Ainda segundo relatos, a presidente estava "muito animada" e demonstrou agradecimento pelo empenho dos movimentos nas manifestações contra o impeachment. "Agradeço imensamente as fortes manifestações de ontem (quarta-feira) em apreço pela democracia e quero pedir mais apoio para impedirmos o golpe", disse Dilma.

O grupo, de cerca de 60 pessoas, faz parte da Frente Brasil Popular, uma das responsáveis por organizar os atos em defesa do mandato de Dilma na última quarta-feira (16).
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