Brasília - A presidente Dilma Rousseff indicou nessa quinta-feira, 17, em reunião com movimentos sociais e artistas no Palácio do Planalto, que vai "adotar medidas no âmbito cambial e fiscal" para compensar os efeitos negativos do ajuste financeiro feito pelo governo.
Leia Mais
Quem banca política econômica é Dilma, diz Jaques WagnerDilma vence no STF e Senado terá palavra final sobre impeachmentDilma agradece Renan por desafiar TemerNo encontro, Dilma ouviu pedidos de alteração na condução da economia por parte de João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e de Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, levou à presidente o documento "Por um Brasil Justo e Democrático", lançado em setembro, que defende a redução da taxa de juros, criação de bandas para a meta fiscal e mecanismos de regulação do câmbio.
'Reequilíbrio'
Dilma não especificou quais seriam as medidas que pretende seguir mas afirmou estar "ciente" de que é possível adotar ações para um "reequilíbrio". "Nós somos contra o golpe e a favor da democracia", disse Stédile. Na sequência, porém, ele emendou: "Mas, ao mesmo tempo, viemos dizer que somos contra qualquer política de ajuste fiscal do governo".
Além da guinada à esquerda, o grupo cobrou do governo "medidas concretas" para que o País possa voltar a crescer. Questionados se a presidente havia dado algum sinal de que estava disposta a atender o pleito ou havia mencionado uma eventual substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, eles desconversaram.
"Levy não nos representa. Trouxemos essas demandas à presidente e ela respondeu muito positivamente, mas colocou os limites que o governo tem", disse a sindicalista Janeslei Albuquerque.
Além da economia, os participantes do encontro pediram a Dilma a retirada do projeto que cria a Lei Antiterrorismo, de autoria do governo, que, segundo relatos, ela disse que vai reavaliar "com carinho". Conforme participantes da reunião, a presidente também afirmou que é contra o projeto de lei do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que dificulta o acesso ao aborto legal por vítimas de estupro.
Ainda segundo relatos, a presidente estava "muito animada" e demonstrou agradecimento pelo empenho dos movimentos nas manifestações contra o impeachment. "Agradeço imensamente as fortes manifestações de ontem (quarta-feira) em apreço pela democracia e quero pedir mais apoio para impedirmos o golpe", disse Dilma.
O grupo, de cerca de 60 pessoas, faz parte da Frente Brasil Popular, uma das responsáveis por organizar os atos em defesa do mandato de Dilma na última quarta-feira (16).