Líderes da oposição consideraram temerária a substituição do ministro Joaquim Levy, na Fazenda, pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa, por considerarem que este é um dos “mentores” do desarranjo econômico que levou o Brasil à crise atual. Temem também que o fato de Barbosa ser réu na ação das “pedaladas fiscais” no Tribunal de Contas da União possa dar uma sinalização negativa aos agentes econômicos. O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, disse que a mudança não é surpresa. “A troca do ministro da Fazenda no final do primeiro ano do governo aumenta as dúvidas quanto ao real compromisso do governo com o ajuste estrutural das contas públicas e aumenta as incertezas quanto ao futuro como já sinalizam os mercados” disse o senador, em nota.
Ele ressaltou, ainda, a coincidência da troca logo após o rebaixamento do país pela segunda agência de avaliação de risco. “A saída de Levy demonstra o fracasso da tentativa do governo de tentar ludibriar o mercado colocando um nome de respeito como fachada da política econômica, quando, na realidade, não estavam interessados em mudar nada.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), diz que não adianta trocar “João, Joaquim ou Manoel” por Nelson, já que o problema está na política econômica”, que, hoje, o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, disse ser de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff. “Barbosa é o grande responsável pelo desastre econômico, chamado para ocupar o principal posto da equipe econômica. É como chamar o homicida para velar o defunto”, criticou Cunha Lima.
Mas a troca foi bem recebida dentro do PT e pela CUT, que vinha criticando o ajuste fiscal promovido por Levy. “Achamos que é uma evolução, porque o Nelson é desenvolvimentista, progressista e nós o conhecemos. Tenho a esperança que tenhamos uma mudança na política econômica”, disse Vagner Freitas, presidente da CUT, que ligou para o novo ministro para parabenizá-lo. O dirigente sindical acredita as mobilizações contra o impeachment podem ser impulsionadas a partir de agora.