Acuado por denúncia na Operação Lava Jato e os possíveis desdobramentos das investigações no Supremo Tribunal Federal, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não conseguiu avançar com a pauta conservadora apoiada pelas bancadas suprapartidárias ruralista, evangélica e de policiais, conhecidas como "BBB" - bala, boi e Bíblia.
Exaltada no início da legislatura, e tocada em alta velocidade por seus aliados em várias comissões da Câmara, a agenda de temas polêmicos perdeu força desde que o deputado fluminense rompeu politicamente com o governo Dilma Rousseff, em meados de julho. Na lista das propostas controversas "paralisadas", estão duas, de autoria do próprio Cunha, como o projeto de alteração da Lei de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual e da criação do Dia do Orgulho Heterossexual.
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Foco da Lava-Jato em 2016 será contas ilegais, afirma procuradorCumprimento de pena de Dirceu no mensalão dependerá de sentença da Lava-JatoSem Cunha, outro deputado investigado na Lava-Jato assumiria o impeachmentNúmeros recordes fazem da Lava-jato a maior operação contra a corrupção no BrasilLewandowski nega habeas corpus a advogado de CerveróCunha diz que pedido de afastamento de Janot contra ele 'é uma peça teatral'Cunha desmente viagem a Cuba e diz que não é 'o vilão do País'Sob Cunha, número de projetos votados é recordeDois dias após a aprovação na CCJ, vazou a delação premiada de Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como um dos operadores de propinas na Petrobrás ligado ao PMDB. No depoimento, Baiano afirma que Cunha foi beneficiário de propina de US$ 5 milhões paga pelo lobista Julio Camargo. O presidente da Câmara foi denunciado em investigação sobre esse caso.
Também de autoria do presidente da Câmara, a criação do Dia do Orgulho Heterossexual não chegou a ir tão longe e, atualmente, está em discussão na Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A proposta prevê pena de até três anos para quem discriminar heterossexuais e determina que as medidas e políticas públicas antidiscriminatórias atentem para essa possibilidade.
FILA DE ESPERA Na extensa lista de projetos polêmicos colocados por Cunha em debate no primeiro semestre, antes do avanço das investigações da Lava Jato, estão, ainda, o Estatuto do Desarmamento e o Estatuto da Família, ambos na fila de espera para votação no plenário da Câmara.
Na lista de matérias encampadas pelo presidente da Câmara está ainda a Proposta de Emenda à Constituição da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.
Com a previsão do avanço das investigações da Lava Jato em 2016, a avaliação entre parlamentares é que dificilmente Cunha vai conseguir impor o mesmo ritmo de discussão de temas controversos como o estabelecido no primeiro semestre deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..