O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse acreditar que até o fim de março o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff já estará concluído na Câmara e afirmou que as pedaladas não foram a base para a aceitação do pedido de afastamento da petista. "Ignoramos 2014, não aceitamos a tese que você retroaja no mandato anterior. O ato irregular foi cometido, os decretos", disse Cunha, referindo-se a medidas adotadas pela presidente Dilma sem autorização do Congresso, descumprindo a lei orçamentária.
Para Cunha, o governo está incomodado com o processo "tanto é que está tentando pagar as pedaladas". "Sabe que errou", disse o peemedebista, durante café da manhã com jornalistas em seu gabinete.
"Nós vamos embargar, apesar da ressalva feita pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, de que não há uma pacificação", afirmou. Questionado se houve constrangimento pelo fato de Lewandowski ter aberto para jornalistas a audiência da semana passada, Cunha negou. "Nenhum constrangimento, ele me consultou antes", afirmou.
Cunha disse que o governo pode até conseguir os votos necessários para barrar o impeachment na Câmara, mas afirmou que isso não significará o fim da crise. "Governabilidade com um terço é difícil", disse, ressaltando que se a presidente conseguir se manter no cargo ainda terá mais três anos para tentar recompor a governabilidade. "Pode ter um terço (para barrar o impeachment), mas não significa que adquira governabilidade, vão ser três anos de governo capenga", afirmou.
Eleição
Para Cunha, o desgaste do governo, acentuado com o pedido de impeachment, terá consequências danosas nas eleições do ano que vem. "O governo não terá discurso para enfrentar eleições municipais. Nas capitais, vejo total dificuldade", disse. "Quem ficar atrelado ao governo pode perder as eleições", afirmou.